A presidente afastada Dilma Rousseff encerrou sua participação no Plenário do Senado nesta segunda-feira (29) pedindo aos senadores que a julguem com “maturidade” e “consciência”. Ela fez considerações finais no tempo cedido por seu advogado de defesa, José Eduardo Cardozo, que optou por não fazer perguntas à sua cliente, acusada de cometer crime de responsabilidade no exercício da Presidência da República. Ela disse aos parlamentares que o país precisará de todos para enfrentar os próximos desafios.
“Acredito que vamos ter que ter a maturidade de não inventar problemas onde eles não existem, e de enfrentar os imensos problemas onde eles existem. A disputa política é vantajosa, mas é muito grave afastar uma presidenta da República sem crime de responsabilidade. Esse ferimento será muito difícil de ser curado” afirmou Dilma.
Ela disse esperar que os senadores percebam que a conjuntura política afetou a recuperação econômica, e pediu a todos que abandonem “posições fundamentalistas” e sejam capazes de fazer acordos. Para a presidente, a economia brasileira tem fundamentos sólidos e a cooperação coletiva entre as forças políticas pode tirar o país da situação difícil em que se encontra.
José Eduardo Cardozo afirmou que abriu mão de submeter Dilma a novos questionamentos porque a presidente deu respostas contundentes aos senadores e à acusação e “deixou absolutamente claro” tudo que a defesa queria demonstrar.
Terça-feira no Senado
Os senadores retomam hoje (30) os trabalhos do julgamento do impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff. Às 10h começam os debates entre acusação e defesa. Os advogados Janaína Paschoal e José Eduardo Cardozo, respectivamente, terão uma hora e meia cada para fazer suas alegações e depois mais uma hora para réplica e uma hora para tréplica. Os debates podem, portanto, durar até cinco horas.
Em seguida, será iniciada a discussão dos senadores. Cada um terá direito a falar por dez minutos, que não podem ser prorrogados e não há direito a aparte. Até a noite dessa segunda-feira (29), 53 senadores já estavam inscritos para falar, mas outros podem requisitar o direito ao debate até o último minuto. O primeiro será o senador Gladson Cameli (PP-AC). A previsão é de que essa fase do julgamento dure cerca de nove horas, podendo se estender se mais senadores se inscreverem.
O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski, que conduz o julgamento, tem concedido intervalos de uma hora para almoço e uma hora para jantar e outros que variam de 30 minutos a uma hora, a depender do ritmo dos trabalhos.
Depois das discussões entre os parlamentares, finalmente será a vez de Lewandowski fazer a seguinte pergunta aos senadores: “Cometeu a acusada, a senhora presidenta da República, Dilma Vanna Rousseff, os crimes de responsabilidade correspondentes à tomada de empréstimos na instituição financeira controlada pela União e à abertura de créditos sem autorização do Congresso Nacional, que lhes são imputados, e deve ser condenada à perda do seu cargo, ficando, em consequência, inabilitada para o exercício de qualquer função pública pelo prazo oito anos?”.
Será aberto espaço para encaminhamento de dois senadores favoráveis e dois contrários ao impeachment, com cinco minutos de fala para cada um. Após esse encaminhamento, o presidente da sessão abrirá o painel e os senadores serão convidados a votar. O voto é nominal e aberto, computado pelo painel eletrônico, onde o resultado final será divulgado.
Fontes: Agência Senado e Agência Brasil / Foto: Roque de Sá/Agência Senado