Em alta, exportações de tabaco devem registrar crescimento superior a 11% em 2022

Olá Jornal
agosto31/ 2022

Só em agosto os negócios internacionais de tabaco em folhas, o principal produto exportado por Venâncio Aires e o Vale do Rio Pardo, movimentou em média por dia mais de US$ 7,8 milhões. Os dados provisórios do mês mostram ainda que em 15 dias úteis os embarques internacionais chegaram a 1.242 quilos, por dia, crescimento de 27,9% se comparado a igual período de 2021.

No ano, os negócios com tabaco em folhas no mercado internacional, chegam a US$ 1,13 bilhão (dados provisórios até 22 de agosto), conforme acompanhado pelo Ministério da Economia, por meio da Secretaria de Comércio Exterior.

Se manter o ritmo mensal de negócios com tabaco, a expectativa é de alcançar os resultados obtidos com a comercialização internacional antes da pandemia. O cenário ainda oscila, porque as empresas enfrentam dificuldades logísticas, a partir de demanda global e por reflexos remanescentes das medidas restritivas por conta da Covid-19 em diversos pontos do mundo.

O valor por tonelada pago pelo produto nas negociações chega a US$ 6,2 mil. Este resultado para agosto garante variação positiva de 96,1% se comparado ao preço pago por tonelada exportada em agosto de 2021. A valorização ocorre especialmente pela demanda do mercado internacional e a qualidade da safra produzida pelo Brasil, segundo aponta o presidente do Sindicato Interestadual das Indústrias do Tabaco (SindiTabaco), Iro Schünke.

“As exportações de tabaco ainda sentem os reflexos da crise logística. Isso tem impactado a comercialização e atrasado entregas. Isso ocorre pela falta de contêineres, fechamento de importantes portos no mundo e atualmente por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia. Apesar disso, os negócios internacionais do setor estão em crescimento e estamos conseguindo alcançar a média de negócios mensal de outros períodos,” explica.

AQUECIMENTO
Até julho, os negócios com tabaco em folha no mercado internacional registraram crescimento de 39,4%, quando comparado aos sete primeiros meses de 2021. Os dados são consolidados pelo Ministério da Economia. No início de setembro será divulgado o acumulado do mês de agosto. Este segmento é o principal em negócios a partir das indústrias de processamento instaladas no Vale do Rio Pardo, que colocam o Rio Grande do Sul responsável por mais de 90% dos negócios de tabaco no país. O ministério também acompanha as exportações de cigarros e charutos, desperdícios (extratos e talos) e tabaco bruto. Estes em menor volume.

“O Brasil se consolidou como o principal exportador de tabaco em folhas e isso deve seguir por pelo menos nos próximos 10 anos. Os principais meses de embarques atualmente foram janeiro e abril, que superaram outros anos. Isso é fruto dos estoques das empresas, negociados ainda em 2021, mas que tiveram a entrega efetuada neste ano, em função das dificuldades logísticas,” destaca Schünke.

REGIÃO EM DESTAQUE NA ECONOMIA GAÚCHA
Conforme o economista e professor do Departamento de Gestão e Negócios da Universidade de Santa Cruz do Sul, Heron Sergio Moreira Begnis, as exportações de tabaco puxam o desenvolvimento da economia regional. “O Rio Grande do Sul representa cerca de 90% das exportações de tabaco brasileiras. A região concentra 100% desta exportação. De fato é significativa a influência destes resultados na renda regional. Temos uma cadeia produtiva que se estende para além dos municípios onde está o processamento, para várias regiões do estado, onde o tabaco está presente. Quando temos um resultado positivo nas exportações isso reflete no conjunto como um todo da economia gaúcha,” destaca.

Para o docente, os desafios regionais de futuro estão na formação e qualificação de mão de obra focados na tecnologia. “A indústria está em transformação, segmentos mais tradicionais estão perdendo espaço. Então, para ter algum destaque regional em termos de produção, é preciso pensar em qualificação da massa de trabalhadores para o desenvolvimento de tecnologias, pensando na indústria 4.0 ou 5.0. Daí teríamos um salto de valor agregado e participação neste fluxo global de comércio.”

A nova indústria é importante, segundo o professor, a partir do cenário de desaceleração das exportações de tabaco, que nos últimos 10 anos teve redução de 30% nos negócios brasileiros devido a diminuição de consumo.

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