Venâncio Aires registra aumento de 9,2% das áreas de matas em 20 anos. Atualmente, segundo relatório da MapBiomas, o espaço com florestas no território venâncio-airense representa 24.041 hectares, 31,12% da ocupação de solo. No início dos anos 2000, era 21.997 hectares, representando 28,47% do território municipal.
O crescimento dos espaços florestais tem ligação com a diminuição da atividade agrícola em solo venâncio-airense. A avaliação é também apontada pelo engenheiro agrônomo e chefe do escritório local da Emater/Ascar, Vicente Fin. O mesmo é verificado nos relatórios da entidade que acompanha a ocupação de solos do país. Em 2000, o setor agropecuário ocupava 48.865 hectares de terras locais.
Em 2021, último ano do levantamento, este segmento utilizava 44.125 hectares. “Muitas famílias saíram do meio rural e deixaram as propriedades lá. E a regeneração natural, devido às sementes existentes, acabaram nascendo e recompondo a vegetação com as espécies nativas. Isso é um dos fatores que possibilitaram esse incremento das florestas,” ressalta.
Além da regeneração de áreas onde havia produção agrícola, agricultores ampliaram a plantação de florestas com foco na produção de lenha ou celulose, além das áreas de proteção. “Tem uma parcela no meio desse mapeamento que é reflorestamento com eucalipto. Às vezes, o pessoal plantou eucalipto, veio pés ralos e assim por diante, e ali desenvolveu mata junto. Lá, por um certo tempo, cortaram os eucaliptos e ficou aquela área de recomposição natural,” comenta.
Apesar da melhora nos indicadores de matas no território venâncio-airense nos últimos 20 anos, na década de 1990 o cenário era diferente. Em 1985 o município contava com 34,95% da sua área com florestas, ou seja, 27 mil hectares. A área de agropecuária ocupava 41,8 mil hectares, ou 54,21%. Em 1997 foi registrado o menor tamanho da área de florestas na Capital do Chimarrão, de 21.714 hectares, e a parcela de agricultura chegou a 49.732 hectares, representando 64,37%. A partir de 2000, o tamanho do espaço agropecuário começou a reduzir na área municipal, com consequente aumento das matas.
REDUÇÃO
O aumento de áreas com cultivo de soja em Venâncio Aires e limpeza de matas plantadas, em especial com eucalipto, podem resultar em redução do percentual de florestas apontadas pelo MapBiomas. O alerta é feito por Fin, já que o sistema utiliza dados de satélite para realizar o monitoramento. “Podemos ter uma diminuição da área de até 0,2%, em função do avanço da área de soja e da renovação de ciclo das áreas com reflorestamento,” comenta.
Os sistemas de fiscalização utilizam tecnologia capaz de apontar áreas derrubadas de árvores e vegetação com até 9 metros quadrados. Sistemas mais eficientes ainda são implantados no país, que poderão diminuir essa margem para controle da área de vegetação.
ESTADO
No Rio Grande do Sul em 20 anos houve redução na área de florestas, de 0,9%. Atualmente o território com matas representa 17,50% do estado, com 4.927.443 hectares. A formação natural, não florestal, em especial as áreas de pampa, representam 26,47%, ou seja, 7.456.419 hectares. Já o setor agropecuário ocupa 47,40% do território estadual, com 13.350.036 hectares. Lagos, rios, açudes e arroios representam 6,96%, com 1.959.763 hectares de ocupação. A área não vegetada, ou seja, com construções e calçamentos, representa 1,64% do solo gaúcho, com 461.197 hectares.