As vendas de cigarros ilegais no Brasil subiram 80%, de 35 bilhões de unidades para 63 bilhões, entre 2013 e 2019. É o que aponta pesquisa da Oxford Economics que analisou o impacto do comércio ilícito na arrecadação de impostos, na produção legal e, consequentemente, na geração de empregos, incluindo cultivo de tabaco, fabricação e distribuição de cigarros.
O estudo mostrou que, embora o consumo total de cigarros tenha se mantido praticamente estável entre 2013 e 2019 (variando de 107 bilhões de unidades para 111 bilhões), à medida que o preço do produto legal aumentou, as vendas de cigarros legais caíram 34% nesse período (de 72 bilhões de unidades para 47 bilhões). E foi nesse momento em que o efeito substituição de produtos legais para ilegais no Brasil encontrou espaço.
No geral, a participação dos cigarros ilícitos no consumo total aumentou do percentual já alto de 33% em 2013 para 57% em 2019. A disponibilidade do produto ilegal também é significativa. Segundo o Ibope, 87% do cigarro contrabandeado é vendido no comércio formal (2019).
Para o economista da Oxford Economics, Marcos Casarin, o caminho para solucionar o problema é mexer na estrutura de preços além de atuar na repressão do contrabando. “Qualquer tipo de solução para um problema deste tamanho (enfrentar um player que é dominante no seu mercado) vai exigir um olhar holístico ao problema. Mexer na estrutura de preços como forma de melhorar a sinalização para o consumidor e induzir a demanda de volta ao mercado legal pode ajudar a resolver o problema, bem como atuar na restrição de oferta do produto clandestino através da atuação nas fronteiras”, avalia.
IMPACTO
Conforme o estudo, a substituição de produtos ilegais por legítimos poderia gerar uma contribuição adicional de R$ 6 bilhões ao PIB e apoiaria a criação de 173.340 empregos. Segundo o economista, governo e sociedade devem olhar o dado com atenção, uma vez que todo o valor gerado pelos empregos, renda e tributos adicionais pode ser revertido para a população.
“Acredito que o governo deveria olhar para isso como uma oportunidade de reduzir a ineficiência econômica para agilizar a geração de emprego e renda no país, acelerando a recuperação da economia, além de privar organizações criminosas de bilhões de reais de financiamento ao ano. Já a sociedade deveria olhar para isso como uma oportunidade de emprego e renda a ser aproveitada em um contexto no qual muitos postos de trabalho foram perdidos”, conclui o economista.
FOTO: Divulgação/AI PRF