Com o encerramento de mais um ano, as projeções e oportunidades se abrem para o próximo. Em 2025 a economia brasileira promete ser pauta constante de debates e exigirão medidas públicas. A Fecomércio-RS, apresentou na última terça-feira, 17, suas projeções para a economia brasileira e do Rio Grande do Sul, destacando um cenário de crescimento moderado no início do ano e desafios econômicos mais intensos no segundo semestre.
Segundo o consultor de economia da entidade, Marcelo Portugal, o Brasil experimentou quatro anos consecutivos de crescimento superior a 3%, entre 2021 e 2024. No entanto, 2025 será marcado por uma desaceleração, com previsão de crescimento do PIB nacional em torno de 2,6% e do PIB gaúcho em 3,1%.
“Será um ano com a cabeça no forno e os pés na geladeira. Começa bem, mas termina mal”, afirmou o economista, aludindo à combinação de fatores positivos, como o bom desempenho da agropecuária e a alta do câmbio, com elementos negativos, incluindo inflação elevada, juros altos e descoordenação entre as políticas fiscal e monetária.
Portugal enfatizou que o dólar, atualmente cotado em mais de R$ 6, parece ter se consolidado como piso, mais do que teto, influenciando diretamente os preços e afetando o poder de compra das famílias. Ele projetou uma inflação em torno de 5%, o que dificulta o crescimento real da renda e impactará negativamente o comércio e os serviços. “O câmbio alto favorece as exportações agrícolas, especialmente no Rio Grande do Sul, mas gera inflação, reduzindo a renda disponível e limitando o consumo interno”, explicou aos jornalistas.
POLÍTICA FISCAL
O economista foi crítico quanto à política fiscal do governo federal, classificando o pacote fiscal como “decepcionante”. Para ele, o primeiro passo para resolver os problemas econômicos é reconhecer sua existência. “O governo precisa assumir que gasta mais do que deveria. Sem esse reconhecimento, não há como controlar os problemas fiscais”, advertiu. A Fecomércio-RS acredita que o IPCA encerre o próximo ano registrando alta de 5%, mantendo-se elevado em 2026 e 2027, devido à preocupação com a credibilidade fiscal. Portugal também destacou que a taxa Selic, atualmente em 13,75%, pode chegar a 15% antes de começar a cair no final do ano, encerrando 2025 próxima a 14%.
RIO GRANDE DO SUL
O Rio Grande do Sul deve continuar crescendo acima da média nacional, graças ao desempenho do setor agropecuário e às exportações favorecidas pelo câmbio. Entretanto, o estado também enfrentará desafios, como a reconstrução de infraestruturas após eventos climáticos adversos e a pressão inflacionária.
Para o presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac-RS, Luiz Carlos Bohn, o próximo ano seguirá sendo de luta e reconstrução após a catástrofe climática vivida pelo estado em maio deste ano. “A Fecomércio seguirá lutando contra o aumento de carga tributária, seja na reforma a nível federal ou na retirada dos benefícios fiscais dos alimentos em nível estadual, para que o estado continue crescendo. Seguiremos alertas, sempre ao lado dos gaúchos na busca por um estado que traga o caminho do progresso. Vamos olhar para 2025 com esperança que este novo ano seja repleto de oportunidade, crescimento e conquistas,” destacou em coletiva.