A Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) e demais entidades representativas dos produtores de tabaco realizam o levantamento do custo de produção para a atual safra. Mais de cinco mil produtores nos três estados do Sul do país respondem a pesquisa com cerca de 600 perguntas. A amostragem servirá de base para o cálculo do custo de produção que será levado para a negociação do preço do produto. Neste ano o formulário, que era composto por 519 perguntas, possui 81 novas questões a serem respondidas.
O gerente de pesquisa e estatística da Afubra, Vicente Ogliari, explica que os questionamentos são abrangentes buscando a realidade do trabalho do produtor. “Valor da mão de obra, da energia, de todos os utensílios, das máquinas. Quanto tempo o produtor fez cada tarefa, quanto tempo ele gastou, então todos esses itens. Desde fazer a piscina até ele vir comercializar o tabaco, todos são computados e formam o coeficiente técnico com o número de horas dedicadas a cada tarefa”, afirma.
No total são quatro etapas da pesquisa sendo que ao final é feito uma média pelo peso que tem em cada região, conforme suas características individuais. O levantamento envolve ainda as culturas utilizadas para a adubação verde, verificando qual é o tipo de leguminosa que se usa para também constar no custo.
MAIOR VALOR
O item de maior participação no custo é a mão de obra chegando a 50% do valor ou mais. No entanto, neste ano deve dar lugar aos insumos. De acordo com o presidente da Afubra, Benício Werner, a alta no preço ocorre devido a guerra no leste Europeu, principal fornecedor para o país. “O peso dos insumos vai ser maior e, com isso, a participação dos 100% dos itens do custo de produção é que vai fazer com que a mão de obra caia um pouco. Nós entendemos que a mão de obra é o item mais importante e mais caro ao produtor e ele acontece em novembro. Se nós fixássemos o preço inicialmente a gente iria perder certamente bastante valor com o peso mais forte dentro dos itens que é a mão de obra”, explica.
Para o gerente de pesquisa e estatística da Afubra, o principal desafio no estabelecimento do custo da mão de obra é a valorização do produtor pelo seu próprio trabalho somado às despesas com alimentação. “É muito difícil o produtor saber valorizar a sua mão de obra. A alimentação também é difícil de saber, até o momento só estamos contemplando o almoço. Para os próximos coeficientes está sendo trabalhado e vendo a possibilidade de inlcuir os lanches. Só que o problema não é incluir, mas quanto, qual é o valor”.
EMPRESAS
O levantamento do custo de produção é realizado em conjunto com as empresas que também fazem suas pesquisas. Após, entidades representativas dos produtores e indústrias estabelecem juntas um valor. “Tem quer ter na casa de cada produtor um representante ou da Afubra ou do sindicato da federação e também um de cada empresa que vão fazer as perguntas e as respostas vão ser obtidas em conjunto. Então, não tem porque nós termos um custo maior se estamos fazendo em conjunto. Cada um calcula e depois fazemos uma conciliação, antes de chegar na negociação”, comenta Ogliari. A negociação inicia em meados de 15 de dezembro.