Não esperar que o caso se agrave. Essa é a recomendação da médica infectologista Sandra Knudsen em relação aqueles 20% de pacientes que não superam a Covid-19 já na primeira fase. A especialista compara a trajetória do vírus com uma estrada que, quando uma pessoa se contamina, é comum a todos. Na primeira semana aparecem sintomas como dor no corpo, dor de garganta, tosse, febre, calafrio, enjoos, diarreia, dor nas costas e por todo o corpo. Essa estrada todos pegam, alguns com mais ou menos intensidade outros quase nada.
Mas é a partir do quinto dia, que essa estrada se bifurca. De acordo com Sandra, a maioria, em torno de 80%, vai para o lado da cura espontânea com a ajuda de algumas medicações que podem ser ofertadas nessa primeira fase e, muitas vezes, sem ajuda nenhuma. Já os 20% restantes vão para o outro lado e continuam a evoluir a doença, e é a partir desse caminho que a atenção deve ser redobrada.
“Não quer dizer que 20% vão ser graves e necessitar de internação mas é muito importante identificar essas pessoas porque precisam ser seguidas. Não tenho como adivinhar quem vai seguir um lado e quem vai seguir o outro, quem vai evoluir mal, quem vai fazer pneumonia, precisar de oxigênio, de internação”, explica.
ACOMPANHAMENTO
Nessa caminhada, a infectologista chama atenção para a importância de intervir precocemente na evolução da doença com a realização de exames e acompanhamento do paciente de forma individualizada. “Eu preciso identificar as pessoas e acompanhá-las porque aí sim, nesse momento, o tratamento precoce é fundamental. Quando se fala em tratamento precoce, na minha visão, não se trata de usar uma medicação ou outra. Existem várias medicações que cada colega médico pode prescrever do jeito que achar melhor para o paciente que está atendendo, individualizando o tratamento. Mas pra mim tratamento precoce não é isso, é acompanhar todo o paciente para ver como ele vai evoluir e não esperar que ele agrave”.
Por isso, a equipe de atendimento domiciliar foi ampliada. Até então destinado para o acompanhamento de casos com pneumonia ou pós-internação hospitalar, agora o serviço está sendo destinado também para aqueles pacientes que ainda não têm pneumonia, mas que possuem risco maior de evoluir para esse quadro clínico.
FALTA DE AR
Sandra alerta mais uma vez para que não se espere a falta de ar chegar. Afirma que os pacientes têm chegado tardiamente para o tratamento no hospital, necessitando de um volume maior de oxigênio ou até uma intubação ou ventilação mecânica, o que complica a recuperação.
“Se eu estou vendo que um paciente que estou acompanhando, pegou a segunda bifurcação e está evoluindo na sua doença eu tenho que intervir precocemente nessa evolução fazendo exames, identificando se tem pneumonia ou não tem, se os exames de sangue estão com muita inflamação ou não. Aí sim faz a diferença antes que ele tenha falta de ar porque a falta de ar é tardia”.
ENTENDA O FLUXO DE ATENDIMENTOS:
Pacientes suspeitos ou com Covid-19 e com falta de ar, confusão mental, dor torácica e desmaio devem buscar atendimento na UPA ou no Pronto Atendimento do HSSM.
Pacientes com suspeita de Covid-19, sem falta de ar ou dor torácica, mas com outros sintomas (dor de cabeça, mal estar e dor no corpo) devem procurar ajuda em Unidades Básicas de Saúde, Médico de Confiança ou no Centro de Atendimento Respiratório (CAR) junto à unidade de saúde do bairro Gressler. Segundo orientação todos os pacientes receberão atendimento da enfermagem para análise de fatores de risco, fatos clínicos e posterior encaminhamento médico.
Telefone para orientações: 2283-0773 ou 9 97996570