As contratações de trabalhadores nas indústrias do tabaco em Venâncio Aires encerraram o período de janeiro a maio com aumento. No total foram feitas 5.238 admissões, conforme apontam dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O número já supera o total de admissões feitas pelas indústrias ao longo de todo o ano passado. Em 2022 foram 5.190 contratações.
O número de contratos, a maior parte temporários, é 0,92% maior se comparado ao total de admissões do setor de processamento de tabaco, ao longo do ano passado. Até maio, o segmento registrou 1.387 desligamentos. O saldo é positivo de 3.851 vagas para os cinco primeiros meses de 2023.
Na avaliação do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo, Alimentação e Afins, as contratações para a safra de processamento iniciaram o período de declínio, antes do previsto inicialmente. “O pico das contratações deve ficar em maio mesmo, porque muitas empresas já encerraram turnos. Houve uma concentração dos processos, inclusive com horas trabalhadas aos fins de semana e feriados. Já com o Caged de junho iniciamos um ritmo dos saldos negativos,” explica diretor administrativo do sindicato, Ricardo Sehn.
Os mais de 5,2 mil contratados ao longo de cinco meses representam mais da metade do total de admissões no acumulado de 2023. No período, todos os setores da economia venâncio-airense registraram 9.470 admissões. As indústrias do setor do tabaco em Venâncio Aires concentram 55,3% do total de admissões do ano. No acumulado de 2023, o município registrou o desligamento de 5.080 pessoas, com saldo positivo de 4.390 vagas criadas entre janeiro e maio.
ESTADO
As admissões em todo o Rio Grande do Sul nas indústrias do fumo somam 15.220 contratações. Só o movimento de Venâncio Aires representa 34% do total de trabalhadores com carteira assinada movimentados no segmento entre janeiro e maio. Se analisar o acumulado do mesmo período em 2022, as contratações destas indústrias tiveram alta de 16,7%. Nos cinco meses do ano anterior foram 13.038 admissões.
VALORIZAÇÃO
A falta de mão de obra no setor foi ampliada ao longo deste ano, segundo representantes sindicais da categoria. Ao longo da safra as maiores empresas buscam trabalhadores em municípios da região. A situação, segundo Sehn, só será revertida com melhor valorização salarial. “A remuneração é um ponto chave nesse debate. A indústria está inclusive aumentando despesas por não encontrar trabalhadores em Venâncio Aires, buscando na região. Este tema vai ganhar mais espaço nas negociações deste ano,” afirma.
O dirigente sindical também afirma que contatos são feitos com o sindicato patronal, buscando alinhar os debates sobre o tema. “A mão de obra qualificada vai exigir melhor rendimento. Atualmente a média salarial é de R$ 1,5 mil com R$ 210 de cesta básica. Mas já temos outros setores do município que a média salarial está em R$ 1,8 mil. Para garantir que o fluxo do processamento de tabaco, empresas criaram prêmios de assiduidade, para aqueles trabalhadores que não têm faltas,” comenta.
Ao longo de 10 anos, em 2023 as indústrias não devem alcançar os números de admissões de temporários feitos durante a pandemia. Em 2020 foram 6.153 contratações. Já em 2021 o resultado alcançou 5.992. Estes números foram verificados também em 2017, quando as indústrias de processamento contrataram 6.302 pessoas, e em 2013, o melhor da série histórica, foram 6.730 contratados.