A projeção para 2020 na produção agrícola era de queda drástica, por conta da seca prolongada no início do ano. Entretanto, a elevação de preços dos principais produtos garantiu a recuperação das perdas iniciais. Com isso, o Valor Bruto da Produção (VBP) Agropecuária fechou em R$ 262 milhões, redução de 4%, frente a projeção inicial de queda superior aos 20%. Em 2019 as riquezas geradas pelo setor primário totalizaram R$ 272,8 milhões.
A alta do dólar e a ampliação de vendas para a Ásia devem aumentar os negócios de tabaco. Mas o impacto direto para o setor primário engloba a produção de proteína, com grande crescimento nas exportações, a comercialização de arroz e de soja.
O tabaco, que concentra mais de 52% da produção agrícola de Venâncio Aires, deve encerrar a safra 2020/21 com 20.250 toneladas colhidas. O ciclo atual ainda está em comercialização. A área total de cultivo ocupou 9 mil hectares no município.
PANDEMIA
Na avaliação do chefe do escritório local da Emater/Ascar, engenheiro agrônomo Vicente Fin, a pandemia afetou as vendas diretas, entre pequenos agricultores e agroindústrias.
“Produtos como verduras, de agroindústrias, ou por meio de programas federais [Pnae e Paa], foram os mais afetados durante 2020, o ano da pandemia. Além disso, tivemos redução de vendas na feira do produtor, porque os consumidores acabaram ficando mais em casa. Passado este período mais restritivo, a produção agrícola conseguiu se adaptar a nova realidade do mercado,” argumenta.
INTERNACIONAL
O aquecimento no mercado internacional garantiu no ano passado recuperação de perdas na agricultura, cenário que deve se repetir este ano, em função da pandemia. “A seca influenciou muito a produção de milho, silagem e safrinha, assim como resultou no atraso do plantio da soja. O ano passado foi positivo, por conta das exportações. Os produtores de commodities, com vendas internacionais, compensaram as perdas causadas pela seca no início do ano,” ressalta.
A projeção da Emater/Ascar é de aquecimento na comercialização da safra de culturas como arroz e soja. “Estas terão grande valorização no atual ciclo, porque os preços estão em alta, trazendo retorno importante aos produtores,” afirma Fin.
PROTEÍNA
Para o ano de 2021, a expectativa de aumento da produção agrícola engloba a proteína, principalmente o setor de aves. “A avicultura, com entrada em operação de três aviários, vai ampliando a produção de frangos no município. No ano passado já tivemos o início das atividades do complexo da Dália. A exportação de carne bovina, embora tenha perda de pastagens com a última estiagem, garantirá retorno significativo para os produtores. Assim como a suinocultura, que tem aquecimento no mercado interno e externo,” destaca.
NACIONAL
O cenário para a agricultura é positivo em todo o país. As culturas ligadas à exportação terão aquecimento em 2021. O valor bruto de produção deve atingir receita recorde R$ 1,142 trilhão em 2021, um crescimento de 15,8% em relação ao ano passado, segundo estimativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), com base nos dados de janeiro. Para a agricultura, a CNA projeta uma alta de 19%, com faturamento bruto de R$ 759,25 bilhões. O resultado projetado para este ano é reflexo da boa expectativa da safra de grãos, que deve representar 51,4% na participação do VBP. Destaque também para o aumento dos preços reais, até janeiro, de produtos como soja (25,5%), o milho (23,6%), o arroz (8%) e o caroço de algodão (28,7%). Para a pecuária, a estimativa é de expansão de 9,8%.