O Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) já avalia a instalação de usina geradora de oxigênio hospitalar para garantir o atendimento dos pacientes. Embora ainda não esteja em falta, o aumento no consumo médio diário em 67,6% nos quatro primeiros dias de março, comparado a fevereiro, leva a entidade a preparar-se para um possível cenário de desabastecimento, como ocorreu no Amazonas e demais estados do país.
A elevação do consumo na casa de saúde e na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), de 426,32m³ por dia em fevereiro para 714,5m³ por dia em março, deve-se ao aumento no número de internações que levou o sistema a uma situação dramática desde o início do mês. Novos leitos clínicos foram instalados na área de emergência do hospital e na UPA que passou a internar pacientes também. Nesta segunda-feira, 08, mais 16 leitos clínicos foram abertos no hospital. Até esta segunda, 58 pessoas estavam internadas no município sendo 22 na UTI e 36 no setor Covid.
De acordo com o farmacêutico responsável técnico e coordenador de suprimentos da casa de saúde, Cássio Severo, a entidade já avalia a instalação de usina geradora de oxigênio hospitalar como alternativa mesmo com condições de abastecimento garantidas pela atual empresa fornecedora. A partir do contato com uma empresa da serra gaúcha a equipe possui orçamento tanto para locação como para aquisição do equipamento. “É uma carta na manga. Sempre penso que devemos nos planejar para o pior, querer não queremos, torcemos para que não aconteça”, afirma.
RECORDE
Na UPA, o consumo diário nos quatro primeiros dias de março já é maior do que o consumido em todo o mês de fevereiro. Foram 284m³ em quatro dias contra 93m³ em todo o mês de fevereiro. O local passou a internar pacientes a partir da ativação de leitos clínicos devido a superlotação do HSSM.
Já no hospital foram consumidos 2.574m³ de oxigênio nos quatro primeiros dias de março, uma média de 643,5m³ por dia. Em fevereiro, o total em 28 dias foi de 11.844m³, uma média de 423m³ por dia. Na casa de saúde o abastecimento do tanque reservatório com capacidade de 3.300 m³ ocorre duas vezes por semana e os sete cilindros de 8m³ são abastecidos uma vez por semana. Ainda há 15 cilindros de 1m³ utilizados no transporte de pacientes.
Segundo Severo, a empresa fornecedora também avalia a instalação de um tanque de oxigênio líquido refrigerado na UPA o que dependerá da continuidade da demanda. Na UPA são 15 cilindros, sendo que nove abastecem os pontos de oxigênio fixo por meio de três baterias de três cilindros e os outros seis ficam de reserva para trocar as baterias.
O coordenador de suprimentos ressalta que desde o início da pandemia, a equipe vem atuando intensivamente para evitar o desabastecimento de oxigênio no que considera o maior consumo já visto desde 1999, ano em que ingressou na entidade. “Devido ao aumento do consumo, a entrega pelo fornecedor não tem mais horário fixo sendo possível ocorrer durante à noite, o que garante o abastecimento uma vez que não há mais cilindros para disponibilizar”.
COLAPSO
De acordo com a Fiocruz pela primeira vez desde o início da pandemia verifica-se em todo o país o agravamento simultâneo de diversos indicadores, como o crescimento do número de casos e de óbitos, a manutenção de níveis altos de incidência de Síndrome Respiratória Aguda Grave, a alta positividade de testes e a sobrecarga dos hospitais. No momento, 19 unidades da Federação apresentam taxas de ocupação de leitos de UTI acima de 80%, entre elas o Rio Grande do Sul. Em fevereiro eram 12. “Os dados são muito preocupantes, mas cabe sublinhar que são somente a “ponta do iceberg”, afirma a entidade em nota técnica.
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