Muito antes mesmo do município se denominar Venâncio Aires no ano de 1891, a povoação por parte de imigrantes destas terras já se registrava pelas colônias locais. “A partir de 1853 alguns sesmeiros, destacando-se Antonio da Silva Mariante, lotearam terras de sua propriedade, transformando-as em colônias particulares exploradas por imigrantes alemães…”, descreve um trecho nas primeiras páginas do livro “Canção dos Imigrantes”.
Escrita por Hilda Agnes Hübner Flores, a obra lançada em 1983 foi base do Olá Jornal para pesquisar e trazer ao leitor detalhes da vida do colono imigrante, que é celebrado na segunda-feira, 25. O livro preservado pelo Museu de Venâncio traz detalhes do cultivo agrícola, da cultura, religiosidade e ocupação das localidades, por parte destes povos.
OCUPAÇÕES
Alemães, teutos (aqueles de origem alemã, mas já nascidos no Brasil) e boêmios (de uma região que hoje é a República Tcheca) foram se instalando, com ocupações de fato a partir de 1860, nas regiões de Linha Brasil, Linha Isabel e a colônia particular de Santa Emília. Além da escala direta da Europa, os imigrantes vinham das colônias próximas: Monte Alverne e Santa Cruz.
Foi com a colaboração do colono que se deu a construção da igreja católica, que contribuiu principalmente com matéria-prima como madeira e produtos da terra, que eram transformados em moeda de troca para aquisição do material de construção.
Neste período, o município já tinha sido elevado a Vila de Venâncio Aires, no ano de 1891. Antes disso, até 1884 a cidade era Faxinal dos Fagundes, ano em que foi elevada à Freguesia de São Sebastião Mártir, 2º distrito de Santo Amaro.
Como colonizar, à época, era sinônimo de bom investimento, foi a partir disso que surgiram em Venâncio as colônias oficiais e particulares, como Mariante, Santa Emília, Sampaio e Alto Sampaio. A publicação traz detalhes destas comunidades criadas, que incluiam também Linha Brasil, Isabel, Cecília, Maria Madalena, Duvidosa e Teresinha.
ERVA-MATE
Vale aqui também registrar os relatos do livro que falam do elo forte que se criou entre imigrante e a erva-mate, essencialmente usada para o chimarrão.
Hilda conta que a erva-mate era planta nativa da região e foi explorada em estado nativo pelos luso-brasileiros e mais tarde integrado pelo imigrante alemão a sua alimentação diária e à economia. “…O mate ou chimarrão atuava como droga digestiva no consumo dos alimentos pesados e não habituados, como feijão preto e carne gorda…”.
Outro trecho descreve que o chimarrão era ingerido doce após o almoço. Tal integração se registrou até mesmo em canções, como a que esta no livro, a Schimarong Lied (Canção do Chimarrão). Além do autor, professor Schrinner, de Arroio do Meio, algumas estrofes teriam sido criadas por Henrique Nührich e Hugo Wunsch por volta de 1912, enquanto juntos saboreavam o chimarrão domingueiro.
Leia a reportagem completa na edição online do Olá Jornal deste sábado, 23.
Foto – Reprodução livro de Hilda Agnes