Representantes de diversas entidades participaram da 71ª Reunião Ordinária da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco nesta terça-feira, 31 de outubro, em Brasília. Em formato híbrido, a reunião teve entre as pautas a definição do novo presidente para o próximo biênio. O grupo participante foi unânime na recondução de Romeu Schneider à presidência da Câmara Setorial. Schneider, que também é vice-presidente da Afubra, agradeceu o apoio e disse que permanecerá atento às necessidades de toda a cadeia produtiva.
Romeu Schneider destacou as movimentações feitas nos últimos meses para levar adiante a preocupação do setor com a proximidade da 10ª Conferência das Partes (COP 10), da Convenção-Quadro para Controle do Tabaco (CQCT), que acontece de 20 a 25 de novembro, no Panamá. “Andamos bastante demonstrando a importância da cadeia produtiva. Há 20 dias da COP 10, não temos ainda uma posição oficial do governo. O que se sabe é uma pré-agenda que ainda não é a definitiva. Estamos no escuro em relação ao tema”, disse.
Iro Schünke, presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), apresentou os resultados da pesquisa realizada pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CEPA/UFRGS), sobre o Perfil Socioeconômico do Produtor de Tabaco da Região Sul do Brasil. Segundo eles, a pesquisa desfaz as narrativas de antitabagistas em torno da produção de tabaco. “Recebemos muitas críticas por parte dos antitabagistas, que afirmam que o produtor vive em situação de vulnerabilidade. Mas a pesquisa demonstra que 80% dos produtores de tabaco enquadram-se nas classes A e B, enquanto a média geral brasileira não chega a 25%”, destacou.
Ainda segundo ele, a pesquisa também desmonta outras afirmações de quem não conhece o setor do tabaco. “Os números falam por si. No passado podíamos falar em desinformação. Mas hoje, com o acesso que temos, ainda insistir que o setor do tabaco no Brasil desmata, uso muito agrotóxico, usa mão de obra infantil, é atestar total desconhecimento ou má fé ao tratar de uma cultura que é tão importante para milhares de pessoas”, enfatizou Schünke.
O grupo definiu que o estudo completo fosse encaminhado ao Ministério da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, bem como à CONCIQ. A pesquisa pode ser acessada na íntegra em: www.sinditabaco.com.br (seção Sobre o Setor, Perfil Socioeconômico).
SAFRA – Segundo dados da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), dos 1.191 municípios da Região Sul do Brasil, 490 produziram tabaco na safra 2022/23. O total de famílias envolvidas chega a 125 mil, com renda bruta estimada em quase R$ 11 bilhões. Schneider destacou a receita aferida pelos produtores de tabaco em comparação com outras culturas no mesmo período. “O rendimento de um hectare de tabaco equivale a 6,37 hectares de soja e de 7,66 hectares de milho. Em uma pequena área, estimada em 12 hectares em média, é um resultado que faz muita diferença para a manutenção das famílias no meio rural”, disse. Sobre a expectativa para próxima safra, Schneider comentou que “este ano tivemos um plantio de tabaco fora de época e ainda neste momento temos produtores transplantando tabaco. Então, não temos ainda previsão para a próxima safra”, comentou Schneider.
EXPORTAÇÕES – O presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Iro Schünke, apresentou os resultados das exportações entre janeiro e setembro de 2023. Segundo informações do MDIC/ComexStat, até setembro o Brasil exportou 369.604 toneladas e US$ 1.959.657 milhões, o que representou -10,12% e 20,22%, respectivamente, na comparação com o mesmo período de 2022. Schünke avalia que o resultado está dentro do esperado, conforme pesquisa realizada pela consultoria Deloitte, que apontou tendência de -6 a -10% no volume. Já em divisas, a expectativa é de chegar próximo aos US$ 3 bilhões até o final do ano. Os principais países importadores no período são Bélgica, China e Estados Unidos, Indonésia, Turquia e Emirados Árabes. Ainda de acordo com o executivo, os números corroboram a tendência de estabilidade da posição brasileira no mercado mundial.
CARBONO – João Nicanildo Bastos dos Santos (Departamento de Gestão de Riscos da Secretaria de Política Agrícola do MAPA, fez uma apresentação sobre Gestão de Risco e Oportunidades no Mercado de Créditos de Carbono. “Não conheço nenhuma outra cadeia produtiva com esse nível de organização nesta questão da sustentabilidade e vale a pena colocarem no radar uma pesquisa sobre o potencial do crédito de carbono dentro da cultura do tabaco e, a partir das informações compartilhadas hoje, é possível que tenham um pote de outro dentro da cadeia produtiva. Quando a pesquisa demonstra que o produtor está utilizando mais energia solar, isso tem um peso muito grande na redução do carbono. Depois da apresentação não tenho dúvida de que o tabaco está muito forte na área sustentável, pelas próprias condições que tiveram do mercado e que exigiu resiliência. Estão todos de parabéns”, comentou.
CALENDÁRIO 2024 – A próxima reunião da Câmara Setorial ocorre em 18 de março de 2024, em Santa Cruz do Sul, aproveitando a abertura da Expoagro Afubra, que ocorre entre os dias 19 a 22 de março. Outros dois encontros estão previstos para o próximo ano: em 17 de julho e em 30 de outubro, em Brasília.
CRÉDITO: AI SindiTabaco