O Brasil passa a contar com a primeira associação focada na redução de danos do tabagismo. A Direta (Diretório de Informações para Redução dos Danos do Tabagismo) é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, formada por técnicos de redução de danos, profissionais da área da saúde, representantes do campo legal, social e ambiental. Lançada oficialmente na última sexta-feira, 13, quer impactar o cenário brasileiro levando informação à sociedade e buscando o diálogo com os poderes públicos para garantir a incidência política e a participação das pessoas que usam nicotina na definição das políticas públicas sobre o consumo do tabaco.
Nesse sentido de valorização da participação ativa do usuário, a entidade tem como presidente um consumidor. O jornalista e ex-fumante, Alexandro Lucian, trabalha com o tema desde 2015 quando fundou o projeto jornalístico multiplataforma ‘Vapor Aqui’. “Defendemos um debate não ideológico, baseado na realidade científica, combatendo a desinformação que acaba por estigmatizar quem fuma, ao invés de acolher e oferecer alternativas menos prejudiciais no consumo da nicotina, que já se mostraram eficazes em diminuir danos e salvar vidas”, explica Lucian.
A entidade defende o direito das pessoas adultas fazerem suas escolhas de forma responsável em relação ao consumo do tabaco ou nicotina, uma vez que, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que ainda existem mais de um bilhão de fumantes no mundo. Uma das principais áreas de atuação será a divulgação de conteúdos científicos que estimulem práticas de menor risco à saúde, considerando desde estratégias baseadas na abstinência até as de redução de danos.
Atualmente, os novos produtos de consumo de nicotina são proibidos no Brasil. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) discute a atual regulamentação e deve decidir sobre o tema até o fim do ano.
DEMOCRÁTICO
Promover o debate em um ambiente seguro com todos os atores principalmente com os usuários é um dos pilares da associação. Conselheira consultiva, a psicóloga Mônica Gorgulho garante que não haverá julgamento moral pois é uma proposta focalizada no usuário. “Não estão interessados nas disputas políticas da economia e em nenhuma outra coisa que não será o bem-estar o usuário. Erroneamente as políticas de redução de danos foram associadas a aparelhos eletrônicos de fumar e é muito mais do que isso, é adesivos de nicotina no Brasil. Fora daqui é pasta e nicotina, que nunca conseguimos ter no Brasil”, esclarece.
Além disso, Mônica destaca a participação da indústria no debate. “A indústria do tabaco é bem vinda para discutir na Direta, uma grande novidade e uma coragem e recuperação dos valores principais da redução de danos. Queremos colaborar para o debate nacional inserir algo na política pública do Brasil para redução de danos no tabagismo”.