A Associação Internacional de Produtores de Tabaco (ITGA) questiona os debates da 10ª Conferência das Partes (COP10) da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT). A pauta que tratou desde meio ambiente a direitos humanos voltou a falar também de diversificação.
Para o presidente da ITGA, José Javier Aranda, os temas ultrapassam o objetivo do tratado que é de saúde pública, além de conterem desinformação. Cita como exemplo o desmatamento de áreas para o cultivo. “Eles estão desinformados, estão inventando porque temos tudo regulamentado. O hectare não aumenta. Você sabe quem são aqueles que desmatam? As grandes plantações de soja, quem faz isso são eles, os produtores de grãos. Mas não o tabaco, o tabaco é pequeno”.
Segundo Aranda, se fala em diversificação desde o início do tratado, há 20 anos, mas na prática nada avançou. “Não há substituto para o tabaco porque são pequenos produtores. Já foi comprovado durante os 50 anos que fabricamos tabaco, que não há nada que substitua a produção de tabaco. Por isso vamos continuar insistindo e vamos continuar produzindo tabaco”, garante.
Para a entidade, as alternativas economicamente viáveis à cultura do tabaco continuam a ser a maior lacuna do tratado, simplesmente porque nenhuma foi identificada ao fim de todos estes anos, o que é considerado um fracasso pela associação. “Mais anos se passarão e não poderemos esperar mudanças na procura de alternativas economicamente viáveis à cultura do tabaco. Isto significa que os produtores de tabaco são novamente deixados à sua sorte, sem qualquer apoio dos governos, das empresas e apenas com a teoria da CQCT”, avalia.
PARTICIPAÇÃO
De fora dos debates, os produtores questionam a legitimidade do evento de decidir sobre o futuro dos mesmos. De acordo com o presidente da ITGA, a CQCT tem rejeitado e ignorado os contínuos pedidos que as diferentes associações e representantes dos produtores de tabaco têm feito ano após ano para participar, para acrescentar valor em termos de conhecimento que só os produtores possuem e para poderem encontrar soluções sustentáveis que evitem o caos num setor que sustenta milhões de famílias em todo o mundo.
“Os produtores, cidadãos que dão um apoio socioeconômico muito importante às suas regiões, sentem-se desrespeitados e o que é ainda mais grave é que recebemos este comportamento de uma agência das Nações Unidas que todos nós pagamos através dos impostos ao Estado dos nossos respetivos países. Portanto, podemos considerar que este é um comportamento intolerável que está também a contribuir para o descrédito de uma instituição como as Nações Unidas em que tantos países carenciados depositam a sua confiança”, afirma Aranda.