Após a enchente histórica no Rio Grande do Sul, é hora de voltar as atenções novamente para os riscos da falta de água na agricultura no estado. O alerta é da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) que chama atenção aos desafios da irrigação com a iminência de seca para a próxima safra.
A pauta foi destacada pelo presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, na segunda-feira, 16, durante coletiva de imprensa na sede da entidade em Porto Alegre, onde apresentou o balanço do ano de 2024 e as perspectivas do setor para 2025.
Reconhecendo a dificuldade climática enfrentada pelo Estado, que além da enchente de 2024, também sofreu com duas secas nos anos anteriores, Gedeão pontuou que os problemas com a falta de água são muito maiores e recorrentes para os gaúchos. “Os grandes problemas que viemos enfrentando no estado são climáticos. Por incrível que pareça, e estamos com bastante dificuldade no meio rural, não foi exatamente neste ano pelo excesso de chuva e sim pelos dois anos anteriores que nós tivemos secas muito pronunciadas”, avalia.
O presidente exemplifica que a safra deste ano com excesso de água ainda foi maior do que as duas últimas que tiveram escassez. “Vejam bem, a safra deste ano foi maior do que as safras dos anos anteriores, apesar do excesso de chuva, mas os reflexos que vieram de lá trouxeram a grande dificuldade aos produtores rurais e, por isso, que nós continuamos insistindo com o tema irrigação. É uma questão que nós podemos resolver. Ainda pesam burocracias apesar de termos avançado e avançamos bastante com este governo que aí está”.
Ele destacou os esforços feitos na área de irrigação e licenciamento ambiental para amenizar o impacto das secas, como a liberação para a construção de açudes até 25 hectares ao licenciamento ambiental municipal. A medida aumentou a base dos licenciadores que antes estava concentrada na Capital.
No entanto, é preciso avançar mais. “No passado eu não precisava ter a burocracia dos licenciamentos ambientais para fazer a quantidade de água que se fez na metade sul. É isso que nós queremos, simplesmente uma volta ao passado. Para simplificar o processo, para que tenhamos regularidade de safra”.
Durante a coletiva, ainda foram abordados os esforços da Farsul em negociar melhores condições para os produtores afetados pela enchente; a tentativa de importação e leilão do arroz logo após a cheia; o papel do Senar-RS no pós-enchente com o programa Agro Solidário e a tentativa de retorno das invasões de terra, prontamente solucionada pelo governo do estado.
O economista-Chefe da Farsul, Antônio da Luz, apresentou os números do agronegócio gaúcho e ressaltou que houve uma queda de 2,7% na área colhida, impactada diretamente pela enchente, mas que a produção total teve um aumento de 30%. Não houve projeção de safra devido a enchente, por não falta de mensuração das condições de solo.