Embora Venâncio Aires tenha registrado prejuízos financeiros de R$ 65,1 milhões na agricultura em função das enchentes e excesso de chuva, as projeções são de conseguir manter a área plantada com tabaco no município, principal cultura na área rural da Capital do Chimarrão. A projeção é apontada pela Emater/Ascar, já que os impactos causados pela enchente podem ser revertidos no cultivo ao longo da nova safra que está em fase inicial no campo venâncio-airense.
O relatório de perdas no setor primário aponta que no tabaco foram registradas perdas com a produção de mudas no valor de R$ 1.577.812,50 afetando mais de 28,05 hectares de canteiros e áreas de preparo. Além disso, conforme o demonstrativo, as áreas de solo preparado para cultivo tiveram prejuízos de R$ 334.370,00 em 461,20 hectares.
A safra de tabaco em 2024 tem projeção de movimentar 17.325 toneladas, com o cultivo em 8.250 hectares em Venâncio Aires. Conforme o engenheiro agrônomo e chefe do escritório local da Emater, Vicente Fin, apesar das perdas iniciais na produção de mudas, as estimativas de área plantada são mantidas. “A tendência é manter a área de produção em Venâncio Aires. Das localidades inundadas, cerca de 180 a 200 hectares poderão ser alterados para outras regiões. A parcela dos que estão mais afastados do rio, uma parte vai plantar ali, outros vão sair, vão procurar outros locais e tinha produtores também que estavam querendo aumentar um pouco.”
Conforme Fin, a perda registrada com a produção de mudas será recuperada no decorrer dos próximos meses, com o plantio mantendo o cronograma. A antecipação da safra em algumas localidades vem ocorrendo nos últimos anos, buscando evitar os período mais quentes do verão para colheita, além da estiagem. “Os produtores de algumas localidades têm plantado mais cedo, mas faz parte da safra anual de tabaco, não temos como dividir e fazer um safrinha. A produção iniciou em março com as mudas e o transplante a partir de junho. Essa produção alagada está perdida, mas se consegue adaptar o cultivo no mesmo lugar.”
EXPECTATIVA
Com o início do novo ciclo produtivo ainda sendo preparativo, as perdas com a maior cultura agrícola de Venâncio Aires e região ainda têm impactos calculados após os episódios climáticos deste mês. Ao longo das enchentes, as empresas ligadas ao sistema integrado de produção, pautaram medidas de apoio aos funcionários, colaboradores e avaliam suporte aos produtores.
“O setor do tabaco é reconhecido no agronegócio por um sólido sistema de integração. É por meio dele que também passaremos a entender as necessidades dos pequenos produtores rurais nas localidades mais afetadas. A última safra de tabaco foi encerrada com uma alta rentabilidade, o que será importante para esse momento de reconstrução. A nova safra ainda está em fase inicial e faremos um levantamento para dimensionar as perdas que ocorreram. Assim como foi na pandemia, vamos seguir com resiliência, unindo esforços em torno do que precisa ser feito”, comenta o presidente do Sindicato Interestadual das Indústrias do Tabaco (SindiTabaco) Iro Schünke.
COMERCIALIZAÇÃO
No último levantamento divulgado pela Afubra, mais de 90% do tabaco foi comercializado em até o fim de abril. Os preços recebidos são considerados históricos, superando os valores mínimos estabelecidos na tabela de preços negociados entre empresas e produtores. Este aumento nos preços acelerou a comercialização.
Segundo o relatório da Emater estadual, a classificação do tabaco nos galpões também está em andamento, com valores acima das expectativas. A baixa presença de atravessadores indica uma intensa atividade de compra pelas empresas integradoras. A previsão é que a comercialização termine até o final de maio, antecipando o prazo usual que seria até o final de junho. Os preços variam entre R$ 22,00 e R$ 26,00 por quilo de folha seca, chegando a R$ 420,00 por arroba do tabaco classificado como BO1. Alguns produtores relataram ter obtido até R$ 480,00 por arroba no final de abril.
Com a previsão de um retorno do fenômeno La Niña, indicando uma primavera mais fria e seca, os produtores já iniciaram a semeadura, visando a produção de mudas para o inverno. Há muitos relatos de aumento de área plantada.