Abertura dos Jogos Paralímpicos promove espetáculo criativo no Maracanã

Janine Niedermeyer
setembro08/ 2016

Megarrampa com mortal de um cadeirante; a musa Paralímpica dançando com uma máquina; um quebra-cabeças formando um coração pulsante. A cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos Rio 2016, na noite desta quarta-feira, 7, no Maracanã, foi a síntese do grupo formado pelos diretores criativos Marcelo Rubens Paiva, Fred Gelli e Vik Muniz: um verdadeiro espetáculo de cores, luzes e sons, mas sobretudo de muito criatividade e sensibilidade.

Pelo telão, o público que lotou o Maracanã fez a contagem regressiva para, “britanicamente” às 18h15, a cerimônia começar com Sir. Philip Craven, presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC) cinco vezes atleta Paralímpico no basquetebol em cadeira de rodas. No vídeo, do Reino Unido ao Brasil, Craven viaja até o Maracanã. Foi a deixa para um início de arrepiar.

As luzes se voltaram para a megarrampa, que levantou o público quando paratleta radical Aaaron Whelez acelerou sua cadeira de rodas para um mortal incrível. Início mais triunfante, impossível. Na sequência, a roda de samba com Pretinho da Serrinha, Diogo Nogueira e Monarco, entre outros, mostrou que “aqui é Brasil”. E a praia carioca representada pelo frescobol, altinha, vendedores de mate e surfistas trouxe um tom colorido que contrastou na medida certa com as luzes dos celulares das arquibancadas.

Cada uma das 164 delegações entravam em cena com o nome do país escrito numa peça de quebra-cabeças, com fotos de atletas Paralímpicos – obra original montada ao vivo pelo artista plástico brasileiro Vik Muniz, uma das surpresas guardadas a sete chaves da apresentação.

Tudo isso enquanto uma linda “ola” dos espectadores causava uma incrível onda colorida nas arquibancadas, conforme se mudavam as luzes de projeção respeitando as cores de cada país anunciado. Aos poucos, as imagens das credenciais de todos os atletas formam no palco um grande coração, com a derradeira peça do Brasil, o último país a entrar em cena ao som de “O Homem Falou”, de Gonzaguinha, música sobre união e diversidade.

Claro, tudo aos gritos de “Brasil, Brasil” e muitos aplausos. Ao fim, com o próprio Vik Muniz carregando a última peça, estava formado o coração pulsante no centro do gramado. Estava mais do que claro, então, o lema da abertura Paralímpica: “Todo mundo tem um coração”. Com as batidas na projeção de luzes sendo seguidas por aplausos e mais aplausos.

Coube a Clodoaldo Silva, o ‘Tubarão’ da natação, com 13 medalhas no currículo, a missão e a honra de ver à sua frente o tablado se transformar numa rampa que o conduziu até a pira Paralímpica. A chuva forte era um obstáculo fácil de superar para quem já muito encarou nessa vida. Era o momento do deleite, da pira cinética impulsionada pelo vento levar ao mundo a mensagem: estão abertos oficialmente os Jogos Paralímpicos Rio-2016.

Foto: OIS/COI/Bob Martin

Janine Niedermeyer