“A pressão que vai chegar ao produtor de alguma forma, não sabemos como”. Esta é uma certeza para a diretora-executiva da Associação Internacional dos Países Produtores de Tabaco (ITGA, sigla em inglês), Mercedes Vázquez, que vê a agenda verde global sendo utilizada para inviabilizar a cultura do tabaco indo além do seu propósito contributiva, como deveria ser.
Este é um dos temores que rondam a entidade em ano de 10ª Conferência das Partes (COP10) da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT). O evento antitabagista ocorre de 20 a 25 em novembro, no Panamá, no entanto pouco ou nada se sabe de fato a respeito da pauta. Mas os sinais são claros para Mercedes.
“Direitos humanos, mudanças climáticas, impacto do tabaco no meio ambiente. Situações que envolvem as indústrias vieram parar no produtor porque isso faz parte da cadeia”, explica. O problema para ela não são os assuntos em si mas a forma como são abordados, afirmando que há distorções quando se trata do tabaco devido à perseguição ao setor. “Eles alegam que o produtor está dentro de um círculo que o deixa cada vez mais empobrecido”.
Segundo a diretora-executiva da ITGA, ainda não está claro de que forma a agenda chegará ao produtor, mas ela chegará. “Se são as ESG, adaptação a uma nova atualização de infraestrutura e supõe custos adicionais ao produtor, então mesmo que estejamos vendo isso dirigido a indústria temos que estar muito atentos porque tudo acaba chegando ao produtor. Esta é uma agenda que será muito fortemente discutida nesta COP”, projeta.
DIÁLOGO
Os produtores de tabaco têm tentado diálogo com a CQCT mas sem sucesso. A classe é impedida de participar da COP uma vez que a convenção não permite a participação de membros da cadeia produtiva. Na COP7, na Índia, os fumicultores que tentaram acesso ao evento foram expulsos.
“Pode não ser o produtor diretamente, as associações que o representam, mas uma representação legítima que saiba falar do setor e da realidade do setor. É isso que temos que reivindicar aos nossos governos, por que da forma que a conferência está sendo operada vai contra o regulamento, em termos de procedimento das Organizações Internacionais, e o convênio marco é uma associação internacional”, orienta Mercedes.
Para a representante da classe em nível global, é preciso ação urgente frente ao debate sobre o futuro de uma cultura cujo produtor é privado de participar. “Temos que fazer valer esse contexto porque nós temos permitido que isso aconteça. O 5.3 tem servido para manter a linha legítima de representação do setor fora das discussões que mexem com nosso meio de vida”, conclui ao citar o artigo que tem deixado de fora muitos setores da sociedade, entre eles os produtores, como forma de isentar as decisões de interesses comerciais.