Jovens poderão mudar a política brasileira?

Guilherme Siebeneichler
fevereiro01/ 2017

Com 79 anos, Irineu Lenz tem destaque na comunidade venâncio-airense, especialmente desde a década de 1960. Vivenciou momentos importantes no cenário político brasileiro e também internacional. Morte de Getúlio Vargas, Legalidade, o Golpe Militar (1964), revolução Cubana, redemocratização no Brasil e dois processos de Impeachment, figuram entre os marcos históricos vividos pelo ex-gerente da então Caixa Econômica Estadual.

Político nato, Lenz tem se envolvido na linha de frente ou nos bastidores da política local nos últimos 40 anos. Disputou quatro pleitos municipais, como candidato a vereador aos 25 anos em 1963, a prefeito pela primeira vez em 1976 e no fim da ditadura no ano de 1982 e por último como vice-prefeito na chapa de Milton Deves, pelo PP, em 1996. Não garantiu votos suficientes nas disputas, porém garantiu apoio popular para fiscalizar os gestores municipais.

Com o atual prefeito, Giovane Wickert (PSB) não é diferente. Acompanhou a campanha, posse e anotou promessas, e nas oportunidades cobra ações do novo prefeito.  Em meio ao cenário político caótico e a desestabilização da democracia brasileira, Irineu vê na juventude as soluções para o quadro. “Os jovens serão os responsáveis pelas mudanças na nossa política. O envolvimento nos debates é fundamental para construir uma nação melhor.”
INCANSÁVEL
A postura de Lenz prova que a semente política, que brotou em 1954 com a morte de Getúlio Vargas, como ele mesmo descreve, floresceu e ainda frutifica em prol dos novos tempos. A notícia foi dada pela diretora, na fila do ginásio do Colégio Aparecida, quando anunciou que também não haveria aula e que deveriam ir direto para casa. “Ali brotou minha semente política.”

A frase de Getúlio em sua carta de despedida, onde refere-se que não conseguia vencer a oposição e o mar de lamas (companheiros), ele leva até hoje na memória e acredita que a história esteja se repetindo, embora não seja compreendido muitas vezes por seus amigos. “Eu me solidarizei com ele [Getúlio] e acho que foi o que aconteceu com a Dilma.”

De lá pra cá, Lenz tornou-se incansável em auxiliar na conscientização e participação da comunidade nos processos democráticos. Um dos documentos que guarda em seu arquivo político tem justamente este propósito: motivar os eleitores.

O Projeto Eleitor Consciente – Participação Efetiva nas Eleições de 2008, da Escola Judiciária Eleitoral/TSE, traz este como um dos questionamentos à população: como posso ajudar para que o voto em minha cidade seja consciente?  Lenz escolheu responder esta pergunta na prática, e ajudar para que o voto em sua cidade seja consciente. Tem atuado, por meio da manifestação de suas ideias, pelo engajamento social dos eleitores. “O voto de interesse próprio prejudica ele mesmo”, afirma.

Em tempos de embates de opinião, este senhor de alma tão jovem faz a sua leitura particular dos acontecimentos da atualidade como corrupção, ódio ideológico e crise de identidade. “Você pode ser contra, mas não anti. O anti não ajuda nada, não constrói,” e completa “honestidade não é virtude, é dever.”

Guilherme Siebeneichler