Ações para proteger o solo ganham força em Venâncio Aires e beneficiam produtores rurais

Olá Jornal
maio17/ 2025

A conservação do solo ganha cada vez mais destaque como prática essencial para garantir a sustentabilidade da produção agrícola no Rio Grande do Sul. Em Venâncio Aires, o engenheiro agrônomo Vicente Fin, chefe do escritório local da Emater, enfatizou em entrevista recente que a proteção do solo deve ser vista como um investimento de longo prazo. “Um centímetro de solo pode levar de 200 a 400 anos para se formar, dependendo da sua origem. A perda de fertilidade é um prejuízo silencioso, mas profundo para o produtor”, alertou.

Segundo Fin, ações emergenciais de apoio a agricultores atingidos por eventos climáticos extremos, como o ciclone extratropical, já contemplaram cerca de 30 famílias da região. “Foram distribuídos corretivos, forrageiras, calcário, compostos orgânicos e fertilizantes como o NPK 4-14-8, além do uso de produtos biológicos como o bacillus e fósforo”, explicou. As medidas beneficiaram aproximadamente 90 hectares, com bons resultados já observados na melhoria da qualidade do solo, especialmente em propriedades de produtores de tabaco.

Além disso, novas etapas de programas estaduais estão previstas. “Nos próximos dias, mais 80 famílias devem ser beneficiadas com novos recursos, ainda em definição, e outros 30 produtores devem ser atendidos em uma parceria entre o Estado e a Secretaria da Agricultura”, afirmou Fin. Ele também destacou que a Emater trabalhou em conjunto com empresas fumageiras e a própria Embrapa, alinhando conhecimento técnico, pesquisa e práticas de campo para promover a infiltração da água no solo, reduzir a erosão e aumentar o teor de matéria orgânica.

As perdas registradas pelas enchentes recentes também foram significativas. Estima-se que cerca de 400 hectares sofreram impacto direto, com perda média de fertilidade entre 25% e 30%. “Em microbacias como as do Arroio Castelhano e do Arroio Sampaio, houve intensa lixiviação do solo. Em toda a região, temos entre 800 a 1.000 hectares com perdas de fertilidade moderadas a médias”, detalhou o técnico da Emater.

SOLO PROTEGIDO
Em nível regional, outra iniciativa ganha força: o Projeto Solo Protegido, uma cooperação técnica entre o Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) e a Embrapa. A ação integra o portfólio de mais de 60 projetos ambientais promovidos pelas empresas associadas ao sindicato. A proposta envolve o diagnóstico e acompanhamento de propriedades representativas na produção de tabaco no Sul do país, com foco em Boas Práticas Agrícolas (BPAs) para proteger, conservar e recuperar o solo.

De acordo com Fernanda Viana Bender, engenheira agrônoma e assessora técnica do SindiTabaco, práticas como a correção do pH com calcário, a semeadura em palhada de cobertura (aveia, centeio), e a diversificação com culturas como a crotalária têm mostrado bons resultados. “O uso adequado do solo otimiza os nutrientes e aumenta o potencial produtivo. Mais do que uma prática ambiental, a conservação do solo é uma estratégia econômica para o agricultor”, ressalta.

Com 74% dos produtores de tabaco já adotando práticas de conservação do solo, a expectativa é de que esse índice cresça com as novas ações conjuntas entre governo, iniciativa privada e instituições de pesquisa.

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