
Um levantamento da Emater revela que mais de 65% do solo agricultável de Venâncio Aires apresenta condições adequadas para a produção agrícola. O dado foi divulgado pelo engenheiro agrônomo Vicente Fin, chefe do escritório local da entidade, que atribui o resultado ao trabalho de conservação do solo desenvolvido ao longo dos últimos 20 anos no município. Apesar do avanço, Fin alerta que ainda há áreas com acidez elevada, baixa matéria orgânica e erosão, exigindo atenção contínua e manejo sustentável. A proteção da base da agricultura ganha destaque nesta semana, já que em 15 de abril é celebrado o Dia Nacional da Conservação do Solo.
De acordo com o engenheiro agrônomo, a prática de cobertura de solo com espécies como aveia, centeio, tremoço, crotalária e sorgo tornou-se comum nas propriedades rurais, especialmente após iniciativas promovidas entre 2012 e 2015. “Hoje, quase todas as propriedades usam algum tipo de palhada. Isso mostra o avanço que tivemos”, afirmou.
Apesar disso, o agrônomo alerta que ainda há muito a ser feito. “Cerca de 45% a 50% dos solos têm menos de 2,5% de matéria orgânica, o que é o mínimo necessário para que o solo responda adequadamente. E aproximadamente 35% a 38% das áreas ainda apresentam acidez elevada”, explicou.
A má execução de curvas de nível e camalhões também continua sendo um problema em diversas regiões do município, contribuindo para a erosão e perda da fertilidade do solo. Fin reforça que práticas sustentáveis, como o uso de biológicos e a reposição equilibrada de nutrientes, são essenciais para reverter esse quadro.
Além disso, o impacto das enchentes recentes ainda é sentido na região. Segundo levantamento da Emater, cerca de 400 hectares foram afetados diretamente pelas cheias, com perdas de fertilidade que atingiram áreas de cultivo de tabaco, soja e milho. “Tivemos remoção de solo e lixiviação de nutrientes, especialmente nas microbacias do Arroio Castelhano e Arroio Sampaio”, informou.
IMPORTÂNCIA
O profissional destaca que os trabalhos de conservação do solo são fundamentais para garantir boa produtividade. O cuidado com o uso de palhada, rotação de culturas e proteção de áreas. “É sempre bom lembrar que um centímetro de solo pode levar de 200 a 400 anos, dependendo do tipo de formação rochosa, vamos dizer, da matriz que deu origem àquele solo. É importante a gente sempre, quando está falando em conservação de solo, etc, a gente relembrar a caminhada e as dificuldades”.
PROGRAMAS
Programas estaduais de apoio à conservação do solo estão sendo implementados. Trinta famílias já foram contempladas com corretivos agrícolas e insumos biológicos, e novos recursos devem beneficiar mais 80 famílias nas próximas etapas. “Esse primeiro programa garantiu melhorias para cerca de 90 hectares, com uso de plantas forrageiras, correção de calcário e produtos biológicos. Isso deu resultado, agora o pessoal está incorporando, a grande maioria, inclusive, são produtores de tabaco, estão impressionados com o desenvolvimento das plantas e melhorias do solo.”
Vicente conclui destacando a parceria crescente entre empresas fumageiras e instituições como a Embrapa. “Hoje, felizmente, todos falam a mesma língua: sustentabilidade, infiltração da água no solo, redução de erosão e melhoria da matéria orgânica”, finaliza.