Setor do tabaco acompanha tarifaço dos EUA e os impactos nas exportações gaúchas

Olá Jornal
abril09/ 2025

O setor do tabaco no Rio Grande do Sul está em alerta diante do novo pacote de tarifas sobre importações anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A medida, que passou a valer no sábado, 05, impõe uma tarifa unilateral de 10% sobre produtos importados de diversos países, incluindo o Brasil.

Em 2024, o comércio de tabaco em folhas entre o Rio Grande do Sul e os Estados Unidos movimentou US$ 245,4 milhões, sendo o principal item exportado do estado para o mercado norte-americano. Com o novo cenário tarifário, lideranças do setor já avaliam possíveis repercussões nas vendas e na competitividade do produto gaúcho.

De acordo com Valmor Thesing, presidente do Sindicato Interestadual das Indústrias do Tabaco (SindiTabaco), o momento é de cautela e análise. “Estamos avaliando os impactos do pacote de tarifas recíprocas divulgado pelo governo americano, no qual o Brasil aparece com 10%, e tentando entender como será aplicado no caso do tabaco. Os EUA importaram US$ 255 milhões em 2024 e figuram em terceiro lugar no ranking de 113 países que adquiriram o tabaco brasileiro no período”, afirmou.
Embora a alíquota imposta ao Brasil seja a mais baixa do pacote – 10% de forma linear – o impacto pode ser significativo para setores que têm os Estados Unidos como mercado estratégico, como é o caso do tabaco gaúcho.

Representantes da indústria seguem acompanhando os desdobramentos e aguardam definições sobre como as taxas serão aplicadas na prática para cada produto. Além do tabaco, o setor de armas e munições, movimentou US$ 170,2 milhões para os Estados Unidos, assim como materiais de celulose, que aparecem na terceira posição, com US$ 141,7 milhões.

Para o setor do tabaco em folhas, o território norte-americano aparece na terceira posição entre os principais parceiros comerciais, representando mais de 9% do total negociado. A Bélgica representa 23% do total de negócios, com US$ 612 milhões. A China está na segunda posição, com 22% do total de exportações negociadas, com US$ 585 milhões.

2025
Neste início de ano, os Estados Unidos ocupam também a terceira posição entre os principais destinos do tabaco em folhas. Ao longo do trimestre foram US$ 663,68 milhões em vendas internacionais, sendo 6,4% para os Estados Unidos, representando US$ 42,8 milhões, alta de 6,3% se comparado a igual período do ano passado.

OPORTUNIDADE
Para o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo (PP), o momento ainda é de avaliações, porém, a guerra comercial entre Estados Unidos e China pode resultar em oportunidades ao mercado de tabaco gaúcho. “Ainda é cedo para expor uma avaliação consolidada sobre esse cenário econômico, mas a nossa estimativa inicial é de que a demanda geral americana deve sofrer uma retração. No entanto, consideramos que pode produzir um efeito positivo em relação às commodities exportadas pelo Brasil, inclusive o Rio Grande do Sul. Por exemplo, entre 2018 e 2020, durante a guerra comercial com a China, a demanda chinesa por commodities migrou dos EUA para o Brasil, favorecendo produtos como soja e milho.”

Para o gestor, o tabaco pode ampliar negócios com o mercado asiático. “Observando a questão particular do fumo não manufaturado, o Rio Grande do Sul exportou US$ 2,602 bilhões em 2024. Desse total, 9% foram para os Estados Unidos, ou seja, US$ 240,920 milhões. Enquanto a China comprou US$ 564,932 milhões. Tendo em vista que a China é o principal destino das exportações norte-americanas de tabaco não manufaturado, a depender das tarifas que a China estabelecer em retaliação aos Estados Unidos, pode abrir um espaço para o Brasil e o Rio Grande do Sul ampliar as exportações de tabaco para a China,” afirma.

INDÚSTRIA GAÚCHA
A decisão do presidente dos Estados Unidos, de implementar o que considera tarifas comerciais recíprocas a outros países sobre impostos de importação, afetará as exportações do Brasil. Mas ainda é difícil dimensionar em que medida impactará na indústria gaúcha, avalia o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Claudio Bier. “As informações ainda são muito iniciais, estamos procurando medir as consequências, mas é certo que este novo cenário nos obriga a superar os desafios e explorar as oportunidades que surgem, como do Mercosul com a União Europeia ou da ampliação da parceria com a China”, diz Bier.

Para o presidente da FIERGS, um dos efeitos imediatos da decisão de para o Brasil e o Rio Grande do Sul pode ser a redução no volume de exportações para os EUA, especialmente em setores integrados à indústria norte-americana.

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