Nesta terça-feira, dia 17 de dezembro, a Fecomércio-RS realizou sua tradicional coletiva de final do ano. A estimativa da entidade é que, depois de crescer 3,5% em 2024, o país desacelere para uma expansão de 2,5% em 2025. Ainda que, em termos de atividade e de mercado de trabalho a performance da economia seja bastante positiva, o ano de 2025 será marcado por grandes desafios, especialmente ligados à condução das contas públicas e ao controle da inflação.
A Fecomércio-RS acredita que o IPCA encerre o próximo ano registrando alta de 5%, mantendo-se elevado em 2026 e 2027, devido à preocupação com a credibilidade fiscal. Está sendo estimado um forte repasse da elevação do câmbio, observada no final deste ano, para a inflação em 2025, bem como a continuidade da pressão sobre os preços derivada de um excesso de demanda provocado pela expansão de gastos públicos. Na tentativa de conter a deterioração das expectativas e reduzir a inflação no horizonte relevante, o Banco Central já contratou mais duas elevações de 1 ponto percentual para o primeiro trimestre do próximo ano, o que levaria a Selic a 14,25% ao ano até o final de março. “O choque de juros deve conter esse processo, mas talvez não consiga revertê-lo. A dívida pública está em uma trajetória perigosa e é possível concluir que os riscos para a solvência fiscal serão grandes caso o governo não consiga conter os gastos”, complementa o presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac, Luiz Carlos Bohn. As expectativas de inflação reagiram fortemente no final de 2024 em função da frustração com a insuficiência do pacote fiscal apresentado.
Bohn finalizou sua fala reivindicando a urgência de uma reforma administrativa, e alertando que as medidas defendidas pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) referente ao fim da escala 6×1 são insustentáveis dentro do mercado brasileiro. “É urgente trabalharmos uma ampla reforma administrativa. Essa, assim como a redução da jornada de trabalho, são temas de discussão importantíssimos para esse momento da economia do País”, afirmou o presidente da entidade. “Acreditamos que a redução da escala, enquanto PEC, não corresponde à realidade do mercado. Estamos em uma situação de pleno emprego, onde observamos dificuldade de encontrar mão de obra qualificada. Ao mesmo tempo, inúmeras atividades precisam de flexibilidade de trabalho, em um ambiente onde a produtividade brasileira não conseguiria absorver a redução da jornada de trabalho sem diminuir salários. Essa manutenção geraria uma carga inflacionária ainda maior do que as já previstas”, defendeu.
Conforme o consultor econômico da Fecomércio-RS, Marcelo Portugal, a expectativa é de que o primeiro trimestre de 2025 ainda seja positivo em termos de atividade econômica, majoritariamente puxado pela agropecuária, com o PIB crescendo próximo de 0,8%. Entretanto, é esperada uma desaceleração significativa ao longo do ano, especialmente no segundo semestre. “O ano começa bem e termina mal. Há grande dúvida quanto à condução das políticas monetária e fiscal em 2025. O Banco Central saiu na frente, dizendo claramente que vai combater a inflação com a Selic bem alta. O que precisamos saber é se o Governo vai ajustar os gastos públicos para evitar uma crise de confiança na sustentabilidade da dívida pública ou se as políticas monetária e fiscal seguirão descoordenadas”, pontuou Portugal.
CRÉDITO: AI Fecomércio-RS
FOTO: Guilherme Siebeneichler