Ao banir os novos produtos de nicotina, o Brasil perde a oportunidade de oferecer benefícios aos fumantes na visão da vice-presidente de engajamento científico global da Philip Morris Internacional (PMI), Gizelle Baker. Líder da equipe na comunicação da ciência da multinacional rumo a um futuro sem fumo, ela falou sobre o cenário brasileiro e global ao Olá Jornal durante o Fórum Global de NIcotina (GFN), em Varsóvia, Polônia.
Para a cientista, trata-se de abraçar alternativas em busca de benefícios. “Eu vejo isso de uma perspectiva de aversão ao risco, em que muitos países estão abraçando o risco como uma oportunidade de trazer benefícios para a população. Eles estão chegando a isso do ponto de vista de que tudo parece que está se movendo na direção certa, você está fazendo com que as pessoas desistam dos cigarros, expondo-as a níveis mais baixos de substâncias tóxicas, as pessoas estão mudando para esses produtos. Portanto, se eles funcionarem, eles trarão grandes benefícios para a população. Então, eles estão abraçando esse risco como uma oportunidade de gerar benefícios”.
Já o Brasil, onde os produtos são proibidos, está na posição de inação, ou seja, de não tomar nenhuma medida. “E aí você vê países que estão proibindo isso, que são mais como, estou com medo do risco, e sem o risco é melhor fazer nada. Mas isso deixa a população fumando cigarros que, todos sabemos, são os produtos mais danosos, que causarão a mesma quantidade de mortes e doenças no futuro, quando têm a oportunidade de reduzir a exposição das pessoas a químicos que sabemos que causam doenças. E eu acho que é uma oportunidade perdida”, lamenta.
LIDERANÇA
Com a posição de maior país da América Latina e com cerca de 20 milhões de fumantes, Gizelle acredita que o Brasil poderia liderar a transformação para produtos alternativos. “Primeiro, eu acho que você tem uma população muito grande e diversa e, portanto, isso pode mudar a saúde pública no Brasil. Mas eu acho que com o impacto nos países ao redor, poderia ser o motor de valor para uma região inteira. Na verdade, um continente inteiro que abraçá-lo com uma população grande e realmente ajudá-lo a suceder, só vai causar aos países ao redor a abraçá-lo. E depois, no geral, se você pensar na América do Sul, você vai realmente mudar as projeções da doença da fumaça na região inteira”, avalia.
CIÊNCIA
Sobre a rejeição dos dados das indústrias por parte de formuladores de políticas públicas, a vice-presidente de engajamento científico da PMI, afirma que ao fazer ciência as ideologias devem ficar de lado. “Há uma diferença entre olhar para os dados e ser cético, contra não olhar para os dados, porque você não confia nas pessoas do outro lado. E a ciência não pode progredir a menos que as pessoas coloquem suas ideologias atrás delas, olhem para os dados e entendam o que dizem.”
Ao mesmo tempo, lembra que há ciência independente suficiente que precisa ser considerada. “Você não precisa tomar as indústrias como a única ciência. Se você pensar em produtos de tabaco aquecido, há um pacote de ciência de indústria, mas há também um número de governos, pelo menos 11 relatórios de governos que testaram o produto, revisaram os dados e chegaram às suas próprias conclusões. Então, se você não quer olhar para a indústria, há outras fontes de evidência que podem responder perguntas e ajudar um país a realmente progredir para frente, aderir algumas das suas metas e não sentir que a única fonte de informação é a indústria”, considera.