Nesta quinta-feira, 25, é celebrado os 200 anos da imigração alemã no Rio Grande do Sul. É também a data que lembra Colonos e Motoristas, feriado municipal em Venâncio Aires e municípios da região. A data não poderia ser diferente, já que os imigrantes germânicos estão ligados aos colonizadores de regiões de matas e na abertura de caminhos, lembrados atualmente pelos profissionais das estradas.
O Vale do Rio Pardo está diretamente ligado à cultura alemã e a partir desta relação, que celebra neste ano 175 anos, foi formado o desenvolvimento e potencial de destaque na economia gaúcha. O crescimento regional e a convivência comunitária foram diferenciais para a força da região. Diferente dos primeiros colonizadores portugueses, que na maioria das vezes eram soldados vindos para guerras, os imigrantes alemães e italianos vieram ao Rio Grande do Sul com as suas famílias.
Para o coordenador do curso de História da Unisc, professor José Antônio Moraes do Nascimento, este caminho foi fundamental para o desenvolvimento das comunidades locais. “E no caso da imigração alemã é a família, é o homem e a mulher, por isso a mulher tem um papel essencial no caso da imigração alemã e italiana, que é a constituição da família e a garantia de que este imigrante vai ficar. A grande quantidade de famílias permite então que eles se estabeleçam, fazendo a atividade agrícola e, mesmo depois, a industrial que segue na sequência,” destaca.
Os primeiros imigrantes vindos para a região receberam do governo brasileiro sementes de tabaco. Até então, a produção de fumo estava concentrada na região nordeste do país. A cultura do tabaco está presente na região desde então, garantindo na agricultura novas culturas, além da produção de alimentos.
Essa relação agrícola, e de contatos com o mercado europeu, garantiu formar na região do Vale do Rio Pardo um polo de exportação. “O fato de que os imigrantes alemães, por mais que muitos vieram e ficaram praticamente isolados na mata, para fazer agricultura, os comerciantes tinham contato com o exterior, tinham relação tanto com com o governo e também em contato exterior, principalmente com a Europa, ou diretamente com a Alemanha,” explica.
CULTURA
Muito além das relações econômicas formadas a partir da imigração alemã na região, o legado deixado pelos colonizadores envolve novos aspectos culturais. “E a grande característica, digamos assim, que esta imigração traz pra nossa região é um novo grupo cultural e talvez a grande herança seja justamente esses aspectos culturais desse novo grupo étnico que vem pra cá. São valores, práticas diferentes, experiências diferentes que vão ficando,” comenta o doutor em História.
COMUNIDADE
O espírito de comunidade e de união, formado pelos imigrantes, foi fundamental para desenvolver as localidades onde se instalaram os imigrantes germânicos. “É muito forte entre os estes primeiros colonizadores, o aspecto comunitário, o trabalho em comunidade. Até porque a realidade no início da colonização, exigia isso. Imagina, estão as famílias colocadas lá no interior, no meio do mato, sem muitas possibilidades, a alternativa era se unir com as famílias vizinhas e acabavam fazendo experiências comunitárias, desde o trabalho na lavoura, na agricultura e com mutirões,” destaca.
A formalização de cooperativas também faz parte das relações entre imigrantes alemães no estado. “O próprio Sicredi tem uma origem nesse sentido comunitário, que é também uma cooperativa de crédito a partir de uma visão comunitarista. E assim também, depois outras instituições hospitalares também vão surgir nesse mesmo sentido. Eu diria que esse é um aspecto central que se manteve, que constituiu a colonização alemã aqui na nossa região e mantém muitos aspectos muito fortes até hoje,” reforça.
A educação e formação das novas comunidades passam também pela participação comunitária, conforme o docente. “Estes imigrantes criam escolas comunitárias e nascem, a partir dos anos 30, 40, passam, e algumas vão até os anos 80, como escolas comunitárias, bem como as igrejas. Uma série de outras associações que vão sendo criadas, festividades, e aí entra, por exemplo, o que nós temos hoje, a herança disso, é a Oktoberfest,” comenta.