Venâncio Aires e municípios da região seguem calculando as perdas no setor primário após as enchentes. A projeção inicial da Emater é de que os prejuízos ultrapassem os R$ 50 milhões no território venâncio-airense. No estado, estimativa da Confederação Nacional de Municípios (CNM) aponta para perdas de pelo menos R$ 1,1 bilhão. Nas enchentes de setembro e novembro, a Capital do Chimarrão registrou perdas no meio rural superiores aos R$ 18,4 milhões. Os levantamentos são feitos por técnicos do escritório local da Emater/Ascar, que trabalham na compilação de dados.
O engenheiro agrônomo e chefe da unidade venâncio-airense, Vicente Fin, adianta que os números serão maiores, também pela grande quantidade de perdas nas propriedades, com equipamentos, animais, além das áreas produtivas. As produções de grãos, em especial de soja e milho, que estavam no campo, tiveram os maiores impactos. “Os dados serão atualizados de forma constante. Os grãos tiveram perdas significativas, assim como as perdas na pecuária,” afirma.
Os impactos para o setor primário também levam em consideração as mudanças nas áreas produtivas, sejam com o acúmulo de lodo em lavouras, ou até mesmo na destruição de áreas produtivas. Para o professor de agrometeorologia da Unisc, Jaime Weber, ao longo dos próximos meses estes efeitos serão sentidos na produção agrícola do estado. “Temos mais de 70% dos municípios atingidos pelas enchentes, muitos deles importantes produtores. Este impacto ainda será sentido também na agricultura como na economia geral do estado.”
QUEBRA
O potencial impacto da tragédia sobre o PIB brasileiro é da ordem de 0,2 a 0,3 ponto percentual. A estimativa leva em conta o peso do Rio Grande do Sul na economia brasileira. O agro gaúcho representa cerca de 15% do PIB estadual. Arroz, soja, trigo e carnes serão os principais produtos impactados pelas enchentes no território gaúcho, e devem interferir nos preços em todo o mercado nacional.
Atualmente, o estado está em período de colheita de verão, sendo que cerca de 70% da soja e 80% do arroz já foram colhidos. Além disso, o Rio Grande do Sul é responsável por aproximadamente 11% e 17% da produção nacional de frango e suínos, respectivamente.
PREJUÍZOS
Levantamento parcial da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) revela que as tempestades registradas desde 29 de abril no Rio Grande do Sul geraram pelo menos R$ 8 bilhões em prejuízos financeiros. Segundo a entidade, os prejuízos relatados, R$ 4,4 bilhões referem-se ao setor habitacional, com 92,3 mil casas danificadas ou destruídas, R$ 2 bilhões foram relatados no setor público e R$ 1,5 bilhão no setor privado. A agropecuária é o setor econômico privado com perdas financeiras levantadas, somando R$ 1,161 bilhão. Dos municípios que auferiram os prejuízos, R$ 1,1 bilhão está relacionado à agricultura e R$ 61 milhões à pecuária.
A indústria reportou R$ 166,3 milhões em prejuízos. Outros R$ 122 milhões foram relatados por comércios locais. No setor público, o levantamento auferiu prejuízos de R$ 1,5 bilhão em obras de infraestrutura (pontes, estradas, drenagem urbana) e R$ 417,1 milhões em instalações públicas, como escolas, hospitais e prefeituras.