O preço do arroz e feijão, prato principal da mesa dos brasileiros, tem se mantido com preços mais caros, em função da demanda. A elevação dos dois itens mais populares das refeições diárias, ocorre também pelo crescimento das áreas de cultivo com outras produções, em especial a soja e o milho.
Desde o início dos anos 2000, a demanda pela produção brasileira de milho e soja cresceu no mundo inteiro. Vão para as indústrias de alimentos, de ração animal, de combustível. E o agricultor sabe que, quanto mais o produto é disputado, mais o comprador está disposto a pagar. Desde 2004 Venâncio Aires também perdeu área de cultivo com feijão e arroz. Ambos ainda sofrem interferências em função do clima e da demanda interna.
A área de produção com arroz de Venâncio Aires, em 2004, ocupava 1.950 hectares. Já na safra 2022/23, o plantio alcançou 1,4 mil hectares, queda de 28%. Já no feijão, a queda é maior, há quase 20 anos eram plantadas em 480 hectares. Na atual safra a produção deve alcançar cerca de 310 hectares, redução de 33%.
CAMPO
A perda da área de cultivo ocorre a partir da valorização dos grãos de soja. Este cultivo desde 2004 registra aumento de 1045% no campo de Venâncio Aires. Esta cultura em 2023 deve alcançar mais de seis mil hectares de área ocupada. Na safra passada, segundo dados da Emater/Ascar, na Capital do Chimarrão, a produção movimentou mais de 18,9 mil toneladas, sendo R$ 42,7 milhões em receitas.
Já o milho tem oscilado no crescimento, mas com a valorização tem ampliado a participação no setor agrícola de Venâncio Aires. Na safra 2022/23, o milho deve ocupar até 6 mil hectares para fins comerciais, movimentando mais de R$ 32,2 milhões.
REDUÇÃO
A Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) estimou que, no fim da safra de 2023, a produção de arroz no Brasil deve ficar abaixo de 10 milhões de toneladas. Trata-se do menor nível em 25 anos. Já a produção de feijão deve se manter em patamares parecidos aos das últimas três décadas, com quase 3 milhões de toneladas. Segundo especialistas, a falta de incentivos ao plantio de arroz e feijão pode trazer riscos para a segurança alimentar e aumentar o preço desses produtos. De 2019 a 2022, o feijão subiu 20% ao ano, e o arroz teve um aumento anual de 15%.
A queda da produção do arroz e do feijão acompanha a redução da área plantada dessas culturas, estimada em 30% nos últimos 16 anos. No mesmo período, a soja quase dobrou (+86%), ao passo que o milho avançou 66%. Essa disputa por espaço entre as culturas é apontada como o principal motivo por trás da perda do protagonismo do arroz e do feijão. Outra causa é a diminuição do consumo desses grãos.