O custo de produção do tabaco da próxima safra sofrerá impacto com o conflito entre Rússia e Ucrânia que fará o preço dos fertilizantes aumentar ainda mais. Embora a Rússia não tenha listado o país nas contrasanções mantendo assim as exportações para cá, o valor pago pelo insumo já aumentou.
Um saco de 50kg do principal produto utilizado no tabaco, uma combinação de nitrogênio, fósforo e potássio, custava em torno de R$ 180 antes do conflito. Atualmente está em R$ 225, em média.
Esses fertilizantes em especial são largamente utilizados pelo setor agrícola brasileiro, mas 80% deles são importados, e a Rússia e a Bielorússia são dois dos principais fornecedores do produto ao Brasil.
De acordo com o presidente da Afubra, Benício Werner, o impacto será ainda maior pois o tabaco não havia sofrido com o último reajuste provocado pela crise energética na Europa. “O custo do fertilizante na última safra chegou a 17% porque a maioria das empresas já tinha o adubo em casa quando começou a disparada dos preços em meados de maio e junho. Então, para a nossa produção de tabaco nós vamos sentir o percentual de aumento que certamente vai ser mais de 20%”, explica.
Chegando a esse patamar, os fertilizantes continuam a ocupar a segunda posição no ranking do custo de produção. A primeira é da mão de obra, com mais de 50% de participação.
FARSUL PREOCUPADA COM ALTA DOS FERTILIZANTES
A Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) está preocupada com a alta nos preços dos fertilizantes provocada pelo conflito no Leste Europeu. Para o vice-presidente da entidade, engenheiro agrônomo Domingos Velho Lopes, esta é a principal preocupação em termos econômicos que irá refletir na sociedade como um todo. “Estamos extremamente preocupados, acompanhando com as demais entidades na construção de soluções. É um item pesado de 8% a 10% do nosso custo geral e isso vai refletir no custo dos alimentos para a sociedade brasileira como um todo”, avalia.
Lopes ressalta que o ajuste do mercado leva tempo impactando ainda mais a vida de todos. “Quando você fala em mercado internacional tudo é muito lento. Nós vamos ter a curto e médio prazo consequências que ainda não estão quantificadas mais que vão refletir no nosso custo atrapalhando a produção e isso com certeza chegará à sociedade no custo dos produtos e isso é péssimo”.