O Grupo de Danças Folcóricas Alemãs Infanto-juvenil Grüner Jäger Volkstanzgruppe com sede na Comunidade Santa Catarina de Linha Marechal Floriano, interior de Venâncio Aires, que foi contemplado com o projeto Disseminando a Cultura Alemã, tendo por tema o lema Resgatar a Cultura é Salvar Vidas, através do Edital Criação e Formação Diversidade das Culturas realizado com recursos da Lei Aldir Blanc nº 14.017/20, com apoio da Fundação Marcopolo estará divulgando nesta segunda-feira, na câmara de Venâncio Aires, um documentário sobre esta pesquisa.
O referido projeto visava pesquisar o feitio de um traje oficial, bem como as músicas de danças originárias de uma Região típica da Alemanha que identifiquem a História do nome do Grupo de Danças Alemãs Infanto Juvenil Grüner Jäger.
A pesquisa se desencadeou a partir do seu próprio nome “GRÜNER JÄGER” que significa “Caçador Verde”, pois era o primeiro nome da localidade de Linha Marechal Floriano. Buscou-se informações sobre a origem deste nome e verificamos que era o apelido de Cristian Heinrich Bencke, nascido e criado na Aldeia chamada de Dümmerhütte, Mecklenburg-Schwerin, Deutschland, região muito fria localizada mais ao norte da Alemanha.
Cristian Heirich Benke, foi primeiro imigrante de Centro Linha Brasil, 5º distrito de Venâncio Aires, que veio para o Brasil como soldado mercenário contratado pelo governo Imperial do Brasil em 1854. Quando veio ao Brasil foi engajado no exército Imperial para participar da guerra contra o Oribe e Rosas ou então conhecida como Guerra do Prata no estuário junto aos Rios Paraná e Uruguai. Findada a Guerra, Cristian Heinrich Bencke, resolveu permanecer como imigrante no Brasil, pois o contrato lhe dava a opção de findos os serviços, receber terras no Brasil, ou receber a passagem de volta para a Alemanha, mais um prêmio em dinheiro.
Casou-se com Maria Eva Augustin e morou um tempo em Dois Irmãos onde nasceram os dois primeiros filhos, em 1855 adquiriu lote de terra em Rio Pardinho, interior de Santa Cruz do Sul, mas como estas alagavam em virtude das cheias das águas do Rio Pardinho, período em que vieram a nascer mais dois filhos do casal, entre 1859 a 1860 adquiriu terras mais elevadas do lote de Centro Linha Brasil, interior de Venâncio Aires.
Um caminho estreito, a chamada picada, os conduzia ao interior do mar de folhas. E em algum lugar no meio deste deserto verde estava o desejo da família do imigrante – seu novo lar.
Christian Heinrich, Maria Eva e os filhos foram então os primeiros moradores desta picada que ao chegarem em seu lote de terra. Necessitou abrir uma clareira em meio ao mato cerrado para se instalarem, sendo que os primeiros dias na selva eram miseráveis. Devido a pobreza e sem recursos fizeram uma cabana para morar que foi feita do mais barato material de construção: palha, barro e palmitos rachados para lhes servir de abrigo das intempéries, animais selvagens e assim, poderem sobreviver na selva.
A vida destes colonos era de muito trabalho e pouco lucro. Era necessário caçar animais, uma forma de sobrevivência para a família se alimentar. Por isto, Cristian Heinrich Bencke, como era soldado de profissão quando mais novo, tinha em seu vestuário, a sua farda verde e fazendo-se valer de sua habilidade de soldado saia a caçar inclusive nas matas que hoje pertencem a Linha Marechal Floriano, localidade vizinha. O fato dele usar a roupa do exército como camuflagem, lhe rendeu o apelido de “Grüner Jäger” que significa “Caçador Verde”. Apelido este que deu origem ao primeiro nome da localidade e que permaneceu por quase 70 anos, pois por volta de 1937 o nome foi alterado para Linha Marechal Floriano, quando eclodia a 2ª guerra mundial e a língua alemã nesta época foi proibida.
Na propriedade de Christian Heinrich Bencke em Centro Linha Brasil, nasceram mais quatro filhos e também foi abençoado em seu trabalho, somando recursos que pode então construir uma bela casa de alvenaria, que lá se encontra até hoje, atualmente de propriedade da família do senhor Astor Bencke.
Apesar das necessidades materiais, os colonos logo se reuniram e fundaram uma sociedade para administrar escola, igreja e cemitério. Estes ainda hoje existem. A vida social, especialmente através do canto, música, dança, culinária, esporte, bem como os festejos de Kerb e Oktober.
Concluindo este histórico, vale ressaltar que este foi possível ser reescrito e agora ampliado em virtude de nossos antepassados terem disseminado valores culturais permitindo-nos resgatá-los para compreender e fazermos através da cultura exemplos valorizados e disseminados entre as gerações a nos postergar, que sejamos história as gerações das quais seremos advento deixando o legado de que a cultura constrói, realiza sonhos, faz descobertas, emite alegria, traz saudades, conhecimento, exige postura, respeito, socialização, desenvolve a criatividade e habilidades para lidar com inclusão. Enfim: “A cultura está acima da diferença da condição social”.
É ainda importante destacar, que durante o desenvolvimento do projeto foram ensaiadas várias danças que são vivenciadas no mundo dos grupos folclóricos de danças alemãs no Brasil as quais são repassadas aos grupos associados através da ACG, de Gramado.
Também foram ensaiadas as danças pesquisadas que oriundas do local de origem do imigrante Cristian Heirich Bencke, região de Mecklenburg, schwerin na Alemanha que são duas danças denominadas como: Schöna Wulka e Gröttketeller.
Os ensaios para o projeto foram realizados semanalmente de forma online devido a pandemia. Para as danças que foram pesquisadas e são dançadas em par e em pequenos grupos foram realizados com autorização pela vigilância sanitária do município e com os devidos cuidados de higienização e uso de máscaras.
As filmagens das danças com o tão sonhado traje confeccionado pela empresa Rewil Trajes de Wilney Haberkamp de Imigrante foram gravadas em pequenos grupos de dançarinos em horários diferenciados e agendados anteriormente evitando assim aglomeração.
Diante dos propósitos atingidos: pesquisa realizada, danças ensaiadas, traje adquirido e culminando com apresentação em pequenos grupos para produção de um vídeo, só nos resta sentimentos de realização e gratidão que vieram a contribuir na realização deste projeto. Muito Obrigado a todos.
Conheça mais sobre o projeto na página do grupo: @grunerjagerva
CRÉDITO: GDFA Grüner Jäger Volkstanzgruppe