A regulação de venda, produção e importação dos novos dispositivos para fumar, passam também por uma nova alternativa no tratamento da dependência de nicotina. O assunto tem ganhado força, já que usuários dos cigarros convencionais buscam alternativas menos invasivas para a saúde. A utilização dos novos dispositivos para consumo de cigarros, é apontado como alternativa na rede pública.
A inclusão de novas alternativas para o tratamento dos fumantes, foi um dos temas debatidos no II Seminário Internacional de Redução de Danos Sobre o Tabagismo, realizado nos dias 10 e 11 de novembro.
Para a psicóloga e Presidente da Associação Brasileira Multidisciplinar de Estudos sobre Drogas (Abramd), Luciane Raupp, as políticas pública de saúde levam em consideração um modelo de tratamento para pessoas que queiram deixar o consumo do cigarro. Utiliza medicação e alternativa de nicotina, seja em adesivos ou gomas de mascar. Porém, a profissional avalia que o uso dos cigarros eletrônico, com regulação específica, poderá ser incluído no planejamento de redução dos riscos à saúde dos fumantes.
“No Brasil estamos tendo que ampliar os debates sobre a redução de danos. O assunto pode ser incluído nas políticas públicas de saúde, a exemplo de outros países. Precisamos conseguir discutir. Foco é nos usuários, para aumentar a qualidade vida. Cigarros eletrônicos ainda estão em estudo, mas já sabe que podem reduzir os danos,” destaca Luciane.
NA PONTA
A psicóloga clínica e redutora de danos Maria Angélica Comis, membro do Conselho Municipal de Políticas sobre Álcool e Drogas de São Paulo, também participou das discussões online, e destacou a importância das alternativas para a redução de riscos à saúde. A profissional defende a inclusão do tema na ponta da rede de saúde, por meio dos agentes comunitários, que realizam a visitação às residências do município.
“Esses profissionais deveriam ser as pessoas mais bem instrumentalizadas para discutir riscos e redução de danos. Se atenção básica tivesse este tipo de conhecimento e discussão quando vai visitar casas, poderia se discutir estratégias de redução de danos, dentro da casa das pessoas,” destaca Maria.
BRASIL
A política de saúde que no Brasil surgiu no final da década de 80, e serve como dispositivo para garantir os direitos dos usuários de substâncias e os princípios do SUS (universalização, integralidade e equidade). O trabalho do redutor de danos tem como objetivo fortalecer o vínculo com pessoas que fazem uso de substâncias para, desta maneira, estimular o autocuidado e a reflexão sobre o uso de drogas, além de prevenir a transmissão de doenças.
CIGARROS
Os novos produtos de consumo de cigarro, sem queima, a exemplo do IQOS da Philip Morris, têm sido apontados como uma forma de risco reduzido ao fumante. A proposta é de garantir menores danos à saúde dos fumantes, principalmente porque os maiores problemas envolvendo o cigarro está na combustão. Com isso, os novos dispositivos de cigarros é uma forma minimizar os efeitos negativos do consumo.
No Brasil, os populares cigarros eletrônicos têm a venda proibida desde 2009, por meio de resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O órgão debate o regramento para a venda, com expectativa de conclusão das análises para o próximo ano.