Apesar dos índices de chuvas serem considerados bons nos últimos dias na Capital do Chimarrão, a preocupação com as culturas e respectivas perdas na quantidade e na qualidade, causadas pela estiagem, segue em pauta no Executivo. Depois de cerca de cinco meses sem chuvas significativas no Município, os milímetros de água que caíram nesta semana trouxeram alívio, mas não são suficientes para reparar os danos. O tema tem pautado diversas reuniões no Executivo e foi o motivador da criação do Comitê de Gerenciamento de Crise da Estiagem, que foi composto por representantes de diversas frentes do Poder Público, assim como de entidades como Sindicatos, Emater, Corsan, Bombeiros.
De acordo com o laudo técnico apresentado pelo Escritório Local da Emater/RS-Ascar no encontro do grupo nesta semana, os números apresentados são assustadores. O milho safrinha e a soja (safra e safrinha), por exemplo, foram as culturas mais afetadas, com uma perda de 62,5% e de 57,67% nas lavouras, respectivamente, com base nos valores de mercado, média vendida no período, aumentando a perda no milho grão quanto na soja. O feijão safrinha teve acréscimo de 50% nas perdas. Nos bovinos, por conta da escassez de pastagens, a produção anual também apresenta indícios de uma queda volumosa. A produção anual tem uma média de 65,5mil cabeças de gado, no entanto, a perda considerada chega a 38 mil cabeças. No gado de leite, não é diferente. A demora na recuperação das pastagens implica diretamente no desenvolvimento e melhora na qualidade da produção. Na cultura de olerícolas as perdas A cana-de-açúcar, por exemplo, chega a 30% em perdas. “Arroz não houve alterações e com as chuvas da semana passada e a previsão de mais chuvas no fim desta semana, cessam as perdas em todas as áreas”, acrescenta o Chefe do Escritório Local da entidade, Vicente Fin.
O Prefeito Giovane Wickert lamenta os prejuízos causados aos agricultores e setores envolvidos. “A agricultura familiar é muito forte no município, por conta disso, tivemos muitos prejuízos, em alguns casos com mais de 50% de perda e outros, como o tabaco, produto que alavanca substancialmente nossa economia, tivemos quase 20% de perda, cerca de R$ 35,6 milhões. Mas o milho foi pior, entre 40% a 60% de perdas, entre tantos outros produtos, como de hortifrutigranjeiros. Mas a perda deve ser maior ainda, depois na venda, por conta da queda de qualidade do produto. Pois em outubro tivemos o excesso de chuva, que nos deu um prejuízo e agora, sem precedentes, uma seca, como já não tínhamos há mais de 40 anos no município.”
Diversas ações já foram realizadas e seguem em tratativas no Executivo para minimizarem os impactos. Nos últimos meses, cerca de 500 famílias foram atendidas com caminhão pipa para consumo humano, assim como, outras 50 famílias foram beneficiadas com a instalação de caixas d’água.
Se não bastasse os prejuízos que superam os R$ 108 milhões causados pela estiagem, se soma ainda a problemática causada pela pandemia do Coronavírus. Frente a isso, o Chefe do Executivo Municipal destaca a importância da união das esferas públicas para superar estas crises. “Esse momento compactua ainda com o problema do Coronavírus, o que nos dá um prejuízo maior ainda, reduzindo a capacidade econômica de arrecadação e de evolução do processo geral da distribuição da riqueza e geração de empregos e renda. Então este momento exige estreitamento de relações, precisamos chegar a um entendimento, sair mais unido do que nunca.” Além de diálogo, o Chefe do Executivo Municipal ressalta a necessidade de ações efetivas por parte do Estado e União. “O entendimento, diálogo e informações são fundamentais, mas mais do que necessário é de que esta crise causada pela estiagem também venha a pauta com uma certa igualdade como do impacto causado pelo Coronavírus, pois ambas nos darão reflexos nos próximos dois anos. Por isso, pedimos que o Governo do Estado nos dê mais do que orientações neste momento, precisamos que se abra linhas de crédito, busque junto ao Governo Federal assistir esses produtores, pois são dívidas contraídas que precisam ser pagas, a questão do troca-troca da semente do milho, que não foi colhido e precisa ser pago, mas vai pagar o quê, precisamos que principalmente os pequenos agricultores sejam socorridos neste momento.”
Crédito Rural em pauta na Assembleia Legislativa
Na Assembleia Legislativa, o apoio já está em pauta. A sugestão da criação de uma linha de crédito, parte do Deputado Estadual Elton Weber (PSB), a partir da demanda da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar no Rio Grande do Sul (Fetag-RS). A proposta já foi encaminhada nesta semana ao Banrisul e está em discussão na Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo da Assembleia Legislativa em Porto Alegre.
O objetivo é que seja ofertada uma linha de crédito de custeio de R$ 30 mil por empreendimento com juros de dois por cento ao ano, um ano de carência e prazo de reembolso equivalente a cinco anos; e com isso, minimizar as dificuldades enfrentadas pelo segmento por conta da estiagem.
CRÉDITO: Coordenadoria de Comunicação e Marketing PMVA