As transformações sociais impulsionadas principalmente pelo acesso à informação, com a expansão da internet, colocam o professor em uma nova posição dentro da sala de aula, deixando o protagonismo para o aluno. É assim que o vice-reitor da Unisc, Rafael Henn, vislumbra o papel atual de uma das profissões mais antigas e cuja atuação continua essencial na sociedade.
“Antes ele era o centro da informação e do conteúdo. Hoje a informação está disponível na internet e pode liberar o professor para ser um planejador, mentor, mediador, tutor e orientador no processo de aprendizagem deixando o protagonismo para o aluno”, afirma.
Para Henn, dois pontos são fundamentais nessa mudança: o acesso a informação universal e gratuito, através da internet, e um novo perfil dos alunos que são nativos digitais. “Nós professores precisamos fazer a seguinte pergunta: como usar a tecnologia da informação a favor da educação?”
TECNOLOGIA
Os exemplos dessa transformação social estão por toda a parte e destacam-se nos novos modelos de negócio mundo afora onde a internet tem posição central. “A Uber é a maior empresa de transporte privado do mundo e não possui nenhum veículo. A Alibaba é a maior empresa de vendas do mundo e não possui estoques e nem lojas. A Airbnb é a maior empresa de hospedagem do mundo e não possui e nenhuma cama”, analisa o vice-reitor.
Na educação básica o desafio é maior pois o processo pode ser mais complexo para o professor se adaptar nesses novos ambientes, mas é possível. “As crianças são nativos digitais e estão acostumadas com a tecnologia. O importante é que o processo de aprendizagem seja bem planejado por profissionais da área e as tecnologias da informações sejam um meio, uma ferramenta. A tecnologia não garante o aprendizado do aluno, apenas pode ajudar”, alerta.
MAIS DESAFIOS
Frente a todos os avanços, a valorização do professor no Brasil ainda é considerada como principal desafio com pouca remuneração e trabalho não reconhecido. Ao mesmo tempo, a crise ética e moral pela qual a sociedade está passando agrava ainda mais o cenário. “É comum a imprensa noticiar agressões a professores em sala de aula. A sociedade está doente e, apesar de paradoxal, parte da solução está na própria educação. Não apenas a educação nas escolas, mas a educação das famílias. As crianças precisam aprender em casa esses princípios morais e éticos”, conclui.
FORMAÇÃO
A formação dos professores que atuam na educação básica tem melhorado a cada ano. O Censo Escolar 2018 mostra que o país tem 2,2 milhões de docentes na educação básica, dos quais 78,5% têm nível superior completo (77,3% em grau acadêmico de licenciatura e 1,2%, de bacharelado) e 6,3% estão cursando a educação superior. Em 2014, os professores com formação superior eram 73,3%, 5,2 pontos percentuais abaixo do observado em 2018. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o Brasil possuía 2,5 milhões de professores em 2017, sendo que apenas 340 mil estavam atuando.