O Dia do Trabalhador será de reflexão nas cidades, com as reformas propostas pelo Governo Federal. A principal delas é da Previdência, que também tem mobilizado agentes políticos e sindicatos. Apesar de classificar a atual proposta em tramitação na Câmara Federal, como prejudicial aos mais pobres, entidades de classe compreendem ser importante realizar reformas no sistema previdenciário nacional. O dia 1º de maio, também será de mobilização em muitas cidades, prevendo debates e distribuição de informativos aos trabalhadores.
O assunto tem resultado pesquisas e análises da atual situação do Instituto Nacional de Previdência Social (INSS). Uma pesquisa recente – levando em consideração dados de 2018 – aponta que em Venâncio Aires para cada trabalhador na ativa, existe 0,9 aposentado. O dado foi informado em levantamento realizado pela Secretaria da Previdência e Relação Anual de Informações Sociais (Rais) a pedido do jornal O Globo.
Atualmente, segundo a pesquisa, uma em cada três cidades brasileiras já tem mais aposentados do INSS que trabalhadores com carteira assinada, que contribuem para o Regime Geral da Previdência Social.
No fim de 2017, essa era a realidade de 1.874 cidades, 33% dos 5.570 municípios do país. Se também são consideradas cidades onde o número de aposentados é igual ao de ocupados no setor formal, esse percentual alcança 38%.
Para especialistas, os números reforçam a necessidade da reforma da Previdência, que acaba com as aposentadorias precoces, deixando os trabalhadores mais tempo em atividade. São justamente as aposentadorias precoces que aprofundam o desequilíbrio entre o contingente de pessoas contribuindo para o sistema e o total de beneficiários.
Além disso, os dados evidenciam a falta de dinamismo econômico das pequenas cidades, que convivem com alta informalidade — com trabalhadores que não contribuem para a Previdência — e sofrem com uma demanda cada vez maior por serviços com o envelhecimento da população.
“Saímos de um contexto onde era fácil se aposentar, de forma precoce. Após mudanças já na década de 1990, houve algumas restrições. Porém agora, a reforma previdenciária vai restringir a aposentadoria atingindo os mais pobres,” argumenta o administrador do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias do Fumo e Alimentação de Venâncio Aires, Ricardo Sehn.
DADOS
Segundo o sistema aberto da Previdência Social, Venâncio Aires possui atualmente 15.108 aposentados. O ano de referência é 2018. Deste total, são 7.330 aposentadorias por idade, 2.129 por invalidez e 5.649 aposentadorias por tempo de serviço. Ficam de fora deste levantamento as pensões por morte, doença e demais benefícios que são pagos por meio da Previdência.
Já o número de trabalhadores com carteira assinada, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de 15.514. Destes trabalhadores, 6.978 estão ligados a indústria de transformação, 4.523 nos serviços e 3.441 no comércio. O restante é dividido na construção civil e agropecuária. Os dados são referentes ao Rais de 2017.