Cães e gatos são abandonados e acabam sendo resgatados das ruas todos os dias por Organizações não Governamentais (ONGs) e pessoas que atuam na proteção animal. Em Venâncio Aires é comum ver diversos animais vivendo na rua.
A protetora animal, da ONG Amigo Bicho, que resgata e promove a adoção de animais de rua no município, Nais Elizete de Andrade, destaca que ao passar dos anos os números de abandonos aumentaram, assim como o de adoções. “Parece algo contraditório, mas é algo simultâneo, as pessoas estão adotando cada vez mais, assim como, os cachorros estão se reproduzindo com mais facilidade”, explica.
Ela comenta que para reverter esta situação, é preciso aplicar políticas públicas de castração para controlar a população de cães e gatos, já que, as ONGs não conseguem ter recursos para castrar a maioria das fêmeas resgatadas e aquelas que ainda vivem na rua, para que reprodução seja evitada.
Atualmente, os voluntários que integram a ONG Amigo Bicho são responsáveis por 30 animais que esperam por adoção, e estão em lares temporários. A maior parte deles, são idosos, fêmeas ou que possuem algum ferimento.
Nais afirma que há o desejo de poder ajudar mais animais, mas no momento ainda não é possível. “É difícil aumentar este número, pois falta espaço, recursos e lares temporários que nos auxiliam. Nós precisamos de ajuda da comunidade, para conseguir acolher mais animais, é dever de todos”, justifica.
PRECONCEITO
A maioria das pessoas ainda possuem preconceito em relação a adotar cachorros de rua já adultos. A empresária da área pet e especializada em adestramento canino, Daiane Faleiro, explica que isso se dá, por conta do receio do temperamento e do comportamento do cão. “Por isso, na hora de adotar, escolhem os filhotes”, justifica.
Ela destaca, que muitas vezes os cães trazem consigo, traumas e medos, causados pela vida na rua, o que causa a baixo autoestima no animal, medo e transtornos de comportamento. Mas frisa, que isso pode ser desconstruído com carinho e também com uma relação de amizade e confiança. “Os cães aprendem fácil e superam traumas com muita facilidade”, conclui.
MAUS-TRATOS
Após a atualização do Código de Meio Ambiente e Posturas no ano passado, o cidadão que for flagrado cometendo maus-tratos aos animais será penalizado com multas mais pesadas. A fiscalização dos casos são de responsabilidade da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEEMA), que recebe todos os dias denúncias.
Em dezembro, no mesmo período em que foi realizada a aprovação da nova redação do código, o abandono de um cão com ferimentos às margens da rodovia RSC-453 foi denunciado à Polícia Civil e na Secretaria de Meio Ambiente. O animal foi socorrido por voluntários e levado a uma clínica veterinária, no entanto, não resistiu aos ferimentos e acabou morrendo.
Desde então, a equipe responsável que concluiu os trabalhos nesta semana, estava investigando o caso, apurando os fatos e a comprovação do infrator. Com tudo finalizado, o setor de fiscalização da Prefeitura emitiu um auto de infração e multou em R$ 6.435,00 em função da prática do abandono e maus-tratos.
A fiscal da Secretaria do Meio Ambiente, Carin Gomes, explica que a demora da conclusão dos casos, se dá devido a coleta de informações e denúncias, para que o infrator seja punido.
Ela comenta, que 30 casos estão em fase de investigação, e que só nesta semana, recebeu duas denúncias. “Um era um cachorro que não era alimentado há cinco dias, já o outro, era a morte de dois cachorros a pauladas”, complementa.
Além disso, Carin destaca que a publicidades das punições e dos casos de maus-tratos pode auxiliar na conscientização da população. “Com isso, esperamos diminuir a incidências dos casos no município”, finaliza.
O cidadão pode registrar denúncias de maus-tratos através de Boletim de Ocorrência na Polícia Civil ou então, na Secretaria através do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC) e aplicativo Fiscale.