Os adolescentes são os que mais sofrem e mais praticam a violência nas relações. Em Porto alegre ela está presente em aproximadamente 84% das relações afetivo-sexuais. É o que mostra uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) realizada em 10 capitais do país. Os dados foram apresentados na última quinta-feira, dia 15, durante a I Mostra Regional de Saúde de Adolescente e Programa Saúde na Escola, realizada na Univates.
Conforme a doutora em enfermagem pela Ufrgs Joannie Fachinelli, esse pode ser um problema invisível para a sociedade. “Infelizmente existe um mito que namoro não é lugar de violência. Então acabamos não dando a devida atenção a essas relações”, explica. Para o estudo foram consultados estudantes com média de 15,9 anos de idade de escolas públicas e privadas.
Dentre os entrevistados, 86,1% dos jovens alegaram já terem sido vítimas de violência nas relações, enquanto 86,5% afirmaram já ter praticado. A prevalência é pelas violências verbal, sexual e física. Em 87% do casos a violência psicológica está presente, já a violência sexual em 53,3%, seguida pela violência física, que ocorre em 34,4% dos casos.
Além disso, Joannie afirma que 22,8% dos jovens consultados já tiveram ideação suicida motivada por algum relacionamento. Segundo ela, os jovens estão entre os públicos que menos procuram o serviço de saúde para buscar auxílio, se comparado com as outras faixas etárias.
“Precisamos discutir quais são as possibilidades de intervenção pelo setor da saúde. Existe alta prevalência mas baixíssima procura por ajuda. O profissional precisa intervir mais, pois o jovem não vai buscar o auxílio. Mesmo demonstrando total entendimento da importância do apoio da família e dos profissionais, ele recorre primeiramente aos amigos”, afirma.
Texto e fotos: Artur Dullius (UNIVATES)