A crise acabou. E agora? Este foi tema de apresentação do economista-chefe da FIERGS, André Nunes de Nunes, realizada nesta segunda-feira, 20 de novembro, na sede do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco). Articulada pelo vice-presidente regional da FIERGS/CIERGS, Flávio Haas, o evento contou com a participação de lideranças empresarias.
“O que gerou a crise? O Brasil chegou ao esgotamento de seus recursos, com aumento da burocracia e de carga tributária que praticamente inviabilizou a iniciativa privada. Esses fatores continuam ativos e devemos estar atentos”, reflete. Segundo ele, algumas reformas e mudanças influenciaram a retomada da economia como a reforma trabalhista, a instituição da terceirização, a mudança no FIES. O aumento de produtividade por meio do programa de privatização da Eletrobrás e a participação estrangeira na aviação, bem como políticas monetárias e regulação bancária mais eficientes também foram fatores decisivos.
Nunes listou entre os pontos positivos do atual cenário as taxas de juros ainda baixas, a expectativa de aceleração de crescimento e a inflação convergindo para as metas. “Em contrapartida, a possibilidade de aumento do protecionismo está entre os pontos negativos do atual cenário mundial, mas ainda assim o comércio exterior deverá se intensificar e isso é positivo para quem transaciona e é positivo para o Brasil, mesmo que com uma taxa de câmbio não tão favorável”, avalia Nunes.
Com relação ao câmbio, Nunes avaliou ainda que os movimentos internacionais do dólar são mais importantes para a dinâmica de câmbio que a conjuntura nacional. “Entender o comportamento de alguns indexadores é mais importante que tentar fazer previsões políticas”, pondera. “É importante entender que a economia se move em ciclos: há momentos de expansão e há momentos de recessão. Esse ciclo tem um tempo e é preciso se preparar para um novo momento de crise. Crescer em 2018 não significa que superamos a crise. Não podemos achar que velhos problemas como competitividade e infraestrutura estão resolvidos”, recomenda.
Nunes ainda lembrou que a plena recuperação depende da aprovação de reformas que podem ser pouco populares, como a previdenciária. “A reforma da previdência é necessária. O País gasta 12,6% do PIB total em previdência, mas apenas 5,6% do total dos brasileiros são idosos. Na Grécia, para exemplo, 18% da população é idosa, mas o percentual gasto é parecido com o brasileiro. Somos fora da curva em idade média de aposentadoria, que no país é de 58 anos. Nos países de desenvolvidos, a média é de 64 anos”, reflete. “Temos um conflito de gerações que se deram benefícios pelos quais não pagaram e a futura geração que está sustentando esse sistema. A reforma proposta ainda não é a ideal, mas já um passo para tentar equilibrar essa equação”, adverte.
No cenário estadual, a economia se beneficia do cenário macroeconômico e do bom desempenho da agropecuária devido à produtividade da safra de grãos. “O tabaco se insere nesse cenário também e aparece como uma importante receita quando falamos de demanda externa, aumentando 38,5% em comparação com 2016, quando teve um desempenho abaixo da média devido aos problemas climáticos”, ressalta.
CRÉDITO: AI Sinditabaco