O Sindicato do Ensino Privado do RS (SINEPE/RS) divulga dados de uma pesquisa realizada nos meses de janeiro e fevereiro deste ano com 108 escolas de todo o Estado (32,4% do total de associados da entidade) para avaliar o impacto da crise no setor. Segundo o estudo, a porcentagem de escolas com migração de alunos para a rede pública cresceu 21 pontos percentuais em 2017, comparado a 2016. A maioria das instituições registraram saída de até 5% dos alunos, mas em algumas escolas essa migração foi de até 20%.
De 2016 para 2017, 76% das escolas registraram migração de alunos que concluíram o Ensino Fundamental e iriam para o Ensino Médio em 2017. De 2015 para 2016, esse percentual era de 55%. No Ensino Médio também cresceu o número de escolas que perderam alunos para a rede pública: enquanto de 2015 para 2016, 58% das escolas registraram esse movimento, de 2016 para 2017 o percentual foi de 62%. O Ensino Médio tem sido o nível de ensino mais impactado pela crise nos últimos anos. Segundo dados do Censo Escolar, de 2005 a 2015 a rede privada perdeu 21,4% de alunos. A queda foi mais acentuada de 2015 para 2016, quando em apenas um ano as escolas tiveram redução de 21%.
Reflexo da crise
A crise também impactou no número de escolas privadas no RS: de 2015 para 2016 passou de 644 para 638, queda de 1%. Outro reflexo foi no número de carteiras assinadas no setor privado gaúcho. Segundo dados do Ministério do Trabalho, de 2013 para 2014, o número de trabalhadores no setor de educação aumentou 7%. De 2014 para 2015, esse número aumentou apenas 1%. Eizerik acredita que a tendência para os próximos anos é que o setor não continue crescendo e até decresça. “Não consigo entender que neste momento de crise os professores estejam solicitando ganho real de 50% nos salários”, comenta o presidente sobre o pleito da categoria nas negociações deste ano.
Crescimento tímido
Segundo dados do último Censo, em 2016, as matrículas do Ensino Fundamental e Médio cresceram apenas 1%. De 2005 a 2015, o setor cresceu 2,4%. Na avaliação do presidente do SINEPE/RS, Bruno Eizerik, o que contribuiu para a manutenção do crescimento foi o aumento de alunos bolsistas em 22,5% das escolas. “Possivelmente, se não fosse essa entrada de novos alunos com bolsas, teríamos registrado uma queda, reflexo de toda a crise que o país viveu e continua enfrentando”, comenta Eizerik.