EGR muda forma de gestão comunitária e região discute duplicação

Guilherme Siebeneichler
abril12/ 2017

No fim de fevereiro o Governo do Estado publicou decreto modificando a estrutura administrativa da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR). Entre as alterações estão os oito Conselhos Comunitários de Regiões de Rodovias Pedagiadas (Corepes) que foram destituídos. A proposta é criar cinco novos grupos, nomeados pela Secretaria Estadual de Transportes. A medida não é bem vista pela diretoria que atuava no Trecho 8 (RSC-287).

O ex-presidente do Corepe do Vale do Rio Pardo, Luciano Naue, afirma que a exclusão é a prova de dois anos sem diálogo com o atual governo estadual. Para ele, a mudança busca dificultar a análise de contas da EGR, já que o conselho comunitário precisava averiguar o relatório financeiro. “Essas mudanças foram feitas na calada da noite. Há dois anos não tem prestação de contas da empresa. Isso é a prova da falta de transparência”, destaca.

Entre os pontos das mudanças feitas pelo governo do Estado, o novo texto altera a forma de escolha dos conselheiros e transfere a decisão para o secretário dos Transportes. O governo também reduziu o número de Corepes, passando de oito para cinco em todo Estado. Assim, as áreas nos vales do Rio Pardo e do Taquari passaram a formar um único Corepe. “Isso é primeiro passo para a privatização da rodovia. Deixaram a EGR não ter condições operacionais e repassaram para a iniciativa privada, novamente”, argumenta Naue.

CUSTOS
De acordo com o diretor-presidente da EGR, Nelson Lídio Nunes, as mudanças buscam reduzir gastos públicos e tornar os conselhos mais racionais. No mês passado, ele afirmou que a economia será em deslocamento e diárias. “Em cada reunião, era necessário direcionar recursos para pagamento de diárias e deslocamentos. Na situação que o Estado está, devemos economizar o máximo possível.” Segundo o dirigente, na prática, nada muda e os representantes locais participam da mesma forma.

DUPLICAÇÃO
A situação dos Corepes será discutida em assembleia do Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Rio Pardo (Corede/VRP). Além disso, nesta quarta, 12, às 9h30min também será debatida a concessão da rodovia. E neste quesito a região prepara ações para buscar a duplicação. O marco regulatório das concessões de rodovias estaduais, publicado no Diário Oficial de 29 de março prevê a concessão por contrato de 30 anos. O decreto estabelece as regras para repassar rodovias estaduais à iniciativa privada e também define que empresas estrangeiras poderão concorrer nas licitações.

A partir do marco regulatório, o governo do Estado terá de fazer a descrição das melhorias e contrato para cada trecho concedido por meio de um Plano de Outorga. Ainda não há definição para incluir a RSC-287 no plano. A mobilização da região busca a duplicação no trecho Tabaí–Santa Maria.

O prefeito de Venâncio Aires, Giovane Wickert (PSB) defende a proposta de privatização, com a prerrogativa de garantir o plano de investimentos no contrato. “Se estiver garantido que a empresa responsável terá que fazer a duplicação, defendo o projeto de concessão, a região precisa desse investimento”, argumenta.

PREÇO
Naue afirma que se a concessão da RSC-287 sair do papel poderá elevar os custos das tarifas na rodovia. A previsão do ex-presidente do conselho é de que o pedágio custe no mínimo R$ 12. Antes o papel de fiscalizador da EGR era atribuição do Corepe, agora esta será uma atribuição da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs).

Guilherme Siebeneichler