‘Vamos Juntas’ repensar a violência contra a mulher

Janine Niedermeyer
setembro26/ 2016

Foi a partir de uma postagem em 30 de julho de 2015, em seu perfil no Facebook, que os horizontes da jornalista Babi Souza começaram a tomar novas formas. Idealizadora do ‘Vamos Juntas’, a jovem porto-alegrense de 25 anos deu vida ao movimento que colocaria em prática a ‘sororidade’.

Essa é a palavra de ordem da ação que completou um ano em julho passado e vai estar em evidência no evento que discutirá a proteção à mulher no próximo dia 30 de setembro em Venâncio Aires. Babi Souza vem ao município integrar a programação e conversou com o Olá Jornal sobre a iniciativa, suas repercussões e apoio que tem prestado a mulheres de diferentes cantos do Brasil.

Aos que ainda não conhecem, o ‘Vamos Juntas’ propõe que as mulheres se unam em seus caminhos para o trabalho, para casa, seja o destino que for, para se sentirem mais seguras nas ruas. Babi conta que o ‘inside’ para criar o movimento surgiu em um de seus retornos do serviço à noite, quando precisava pegar dois ônibus e atravessar uma praça escura.

“Quando desci do primeiro ônibus percebi que a maioria das pessoas eram mulheres e a gente ao invés de se unir, a gente se separou, indo uma para cada lado. Quando cheguei na segunda parada vi que várias mulheres que estavam no primeiro ônibus estavam ali, ou seja, todas nós percorremos o mesmo caminho, atravessamos a mesmo praça, só que separadas. Aí comecei a pensar porque não andávamos juntas, já que o nosso medo é um medo parecido”.

REPERCUSSÃO
Esse foi o ponto de partida para criar a página e que, no segundo mês do movimento, fez Babi Souza pedir demissão do emprego em uma agência que trabalhava, para se dedicar a isso e também fundar uma empresa que faz comunicação para marcas de mulheres.

“Eu demorei uns três meses pra entender o que estava acontecendo, pois o ‘Vamos Juntas’ acabou ganhando muita adesão das mulheres, muito espaço na mídia, comecei a dar entrevistas para muitos veículos, até internacionais e realmente não esperava isso”, conta a jornalista.

Segundo ela, apesar de não conseguir responder as centenas de mensagens que recebe diariamente, tenta através de suas postagens inspirar, apoiar e responder a essas mulheres. “Acho que isso é o mais louco, de as mulheres, quando elas conhecem o ‘Vamos Juntas’, começarem a repensar toda a vida delas. Elas percebem que sim, já passaram por muitas coisas e pior, já nem percebiam mais de tão naturalizado que aquilo se torna”.

VIOLÊNCIA
Babi Souza destaca que a violência contra a mulher é infinitamente mais comum do que se imagina. “Quando a gente começa a entender sobre feminismo e principalmente conhecer histórias de mulheres que passam por isso, a gente percebe que o mundo é pior do que a gente imagina”.

A jornalista comenta que muitos dizem que o mundo está ficando chato com o politicamente correto. “E vai continuar assim, pois agora é que começamos a problematizar coisas que sempre incomodaram, que sempre feriram e que sempre mataram mulheres”.

Ela traz como exemplos da violência não somente física, mas que passa pelos assédios, olhares e pensamentos machistas. “São muitas ideias machistas e que a gente transmite muitas vezes para as crianças desde muito pequenas, então tudo isso é violência contra a mulher”, frisa Babi, que como vitrine desse projeto também diz estar exposta à ofensas.

“Eu recebo muitos ataques, muitos mesmo, homens me xingando e tal, coisas bem absurdas. Umas páginas super machistas no Facebook já começaram a divulgar meu nome e me xingar, dizendo que eu estava denegrindo a imagem dos homens”.

Essas e demais questões Babi Souza estará colocando na pauta de sua palestra em Venâncio, dia 30 de setembro, a partir das 19h na Câmara de Vereadores. A entrada é gratuita, sendo sujerido a doação de um quilo de alimento não-perecível.

Outras mulheres, como painelistas convidadas, vão integrar o evento que comemora um ano de Olá Jornal e marca a passagem dos 10 anos da Lei Maria da Penha, trabalhado junto à Uninter.

Foto: Divulgação

Janine Niedermeyer