Unisc é parceira de estudo inédito que poderá prevenir a propagação do novo Coronavírus

Olá Jornal
abril17/ 2020

A Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) é parceira da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) em estudo inédito que busca compreender e prever o contágio pelo novo Coronavírus (Covid-19). A pesquisa, que é coordenada pela Ufpel, com investimentos do governo do Rio Grande do Sul, iniciou no último fim de semana, 11 e 12 de abril, e conta com apoio de outras universidades parceiras. Ao todo serão realizados 18 mil testes em nove cidades que se encontram nas regiões intermediárias do estado, segundo critérios do IBGE. O objetivo é buscar estimar o número de pessoas infectadas pelo coronavírus no estado, considerando as assintomáticas, para compreender a velocidade e as formas de propagação.

Em Santa Cruz do Sul, o estudo é acompanhado pelos professores da Unisc Andréia Valim, Cezane Reuter, Jane Renner, Lia Possuelo, Luciano Duro e Marcelo Carneiro e realizado por, aproximadamente, 23 voluntários que são acadêmicos dos cursos de áreas da saúde na instituição. A expectativa para a primeira rodada era a testagem de 500 pessoas e para atingir a meta alguns testes foram realizados na segunda-feira, 13. Ainda restam três rodadas de 500 testagens no município, que serão implementadas com pausas de duas semanas entre cada uma.

Foram visitadas residências sorteadas por inteligência artificial em 25 setores censitários do município. Segundo Lia Possuelo, bióloga e professora da Unisc, os testes para Covid-19 são realizados de duas formas: uma por meio da testagem molecular (PCR), que detecta a presença do RNA do vírus na amostra biológica, indicando que existe a doença; e outra, como vem ocorrendo na pesquisa, através do teste rápido que analisa a presença de anticorpos que demonstram ou a presença da doença em fase aguda, ou que já houve contato com o vírus em algum momento. No caso da Covid-19, uma doença de rápida propagação, as duas formas de testagem são importantes, pois, ao identificar a doença é possível isolar o paciente e evitar o contágio de mais pessoas.

Para Jane Renner, farmacêutica e professora da Unisc, “o maior ganho da ação é estimar a proporção de casos de infecção pelo novo coronavírus no Rio Grande do Sul, incluindo as pessoas assintomáticas, além de conhecer a velocidade da propagação viral”, pois, deste modo é possível buscar estratégias mais assertivas no enfrentamento à doença. Jane também destaca que o estudo possui grande relevância para a cidade de Santa Cruz do Sul, tanto pelos 2000 testes que serão realizados ao longo das quatro etapas, quanto por revelar como a população vem se comportando em relação às medidas de isolamento.

Na tarde de ontem, 15 de abril, foram divulgados pela Ufpel os primeiros cruzamentos da pesquisa, onde estima-se que há um infectado a cada dois  mil habitantes do estado, podendo existir 5650 pessoas que estão ou já estiveram infectadas com o vírus. A pesquisa aponta que o número de infectados pode ser até 15 vezes maior do que o registrado. A tendência é que exista agravamento nas próximas fases de testagem, caso não haja distanciamento social. Através do modelo piloto desta pesquisa que vem sendo realizada no Rio Grande do Sul, será desenvolvida uma pesquisa de nível nacional, possibilitando novas projeções sobre o avanço da doença.

ALUNOS ATUAM NA PESQUISA

Acadêmicos de áreas da saúde da Unisc receberam o convite para participar do estudo e os interessados foram submetidos à análise de perfil. Após o processo seletivo de 25 estudantes de diferentes cursos, foi realizado um treinamento para que a pesquisa ocorresse de modo seguro tanto para os pesquisadores, quanto para os participantes. Além das instruções sobre como abordar a população, como realizar os testes e como utilizar os equipamentos de proteção individual (EPIs), todos os pesquisadores foram submetidos a testagem para Covid-19.

Erineia Gonçalves, técnica de enfermagem e acadêmica de serviço social, uma das voluntárias da ação, reforça que em um período de tantas dúvidas é essencial contar com informações embasadas: “a falta de conhecimento sobre a doença causa insegurança para a população. Essa ação, além de trazer muito aprendizado para nós acadêmicos, vai proporcionar possíveis soluções no enfrentamento do novo coronavírus”. Também, segundo Andreia Haag, concluinte do curso de fisioterapia, participar do projeto será importante para seu desenvolvimento enquanto profissional, pois poder auxiliar em uma crise da saúde, certamente agregará novas perspectivas.

Já a voluntária da pesquisa, Camila Fontoura Guimarães, acadêmica de biomedicina, conta que além do conhecimento compartilhado ao longo do projeto, houve um momento que destacou a importância dos profissionais da saúde para a preservação da população: “é um momento muito difícil que estamos enfrentando e, por isso, precisamos lembrar todos os dias de praticar a empatia. Em uma das famílias que visitei na primeira fase da pesquisa, um jovem com síndrome de Down, queria me abraçar e, quando eu expliquei que não podia abraçar pela segurança dele, me deu uma cartinha para agradecer o trabalho”.

Para Andreia Valim, professora da Unisc que está acompanhando o projeto, esse é um momento para que os acadêmicos possam desenvolver suas capacidades humanas e profissionais: “estamos muito satisfeitos com o resultado da primeira rodada. Nossos estudantes foram incansáveis para atingir o número de entrevistas necessárias nesta etapa. Todos estavam muito engajados e contando com o apoio dos professores e demais equipes da Unisc. Agora precisamos nos organizar para as próximas rodadas”, frisou.

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