Reciclagem de embalagens de agrotóxicos depende da correta tríplice lavagem

Guilherme Siebeneichler
outubro02/ 2017

Desenvolvido pelo Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), o Programa de Recebimento de Embalagens Vazias de Agrotóxicos já retirou do campo mais de 13,4 milhões de embalagens. O material segue da casa do produtor para centrais de recebimento e triagem credenciadas pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV). Mas as embalagens só podem ser recicladas se o produtor auxiliar no processo realizando a tríplice lavagem.

“A conscientização dos produtores é muito importante nesse caso. A devolução das embalagens vazias de agrotóxicos permite a reciclagem dos recipientes e o retorno ao sistema produtivo como matéria-prima para empresas recicladoras, mas isso só acontece se a tríplice lavagem for realizada corretamente e se os recipientes estiverem completamente secos”, revela o coordenador do programa, Carlos Sehn. Entre as diversas destinações de uso a que podem ser submetidas, está a da construção civil, por meio da produção da chamada madeira plástica, conduítes para fiação elétrica e dutos corrugados. Pode também ser utilizado na confecção de embalagens para óleo combustível e novas embalagens para agrotóxicos.

TRÍPLICE LAVAGEM (Fonte: INPev)

Consiste em enxaguar três vezes a embalagem vazia, seguindo os seguintes critérios:

  • Após esvaziar a embalagem, deve ser colocada água limpa até ¼ de seu volume (25%);
  • A tampa deve ser recolocada e fechada com firmeza e o recipiente agitado vigorosamente em todos os sentidos, durante cerca de 30 segundos para que os resíduos do produto que estiverem aderidos às superfícies internas se dissolvam;
  • A água de enxágue deve ser despejada dentro do tanque do equipamento de aplicação (para ser reutilizada nas áreas recém-tratadas), com cuidado para não espirrar. A embalagem deve ficar sobre a abertura do tanque por aproximadamente mais 30 segundos, para que todo o conteúdo escorra;
  • Depois de repetir esses procedimentos mais duas vezes, a embalagem deve ser inutilizada, perfurando-se o fundo com objeto pontiagudo.

Entre 03 de outubro e 23 de novembro, o programa itinerante percorre a região Noroeste do Rio Grande do Sul. Produtores de 128 municípios serão beneficiados, podendo devolver suas embalagens em locais próximos à propriedade. Quem adere ao programa e entrega as embalagens tríplices lavadas, ganha recibos – fundamentais para apresentação aos órgãos de fiscalização ambiental. Além de preservar o meio ambiente, o produtor assegura a saúde e a segurança da sua família, bem como atende a legislação.

Usa pouco, recolhe muito.

“O número de embalagens recolhidas pelo programa do setor pode dar a impressão de que utilizamos muito agrotóxicos, quando na verdade somos o que menos utiliza, segundo apontaram pesquisas. Além disso, os produtores de tabaco podem destinar ainda as embalagens utilizadas em outras culturas”, destaca o presidente do SindiTabaco, Iro Schünke. De acordo com pesquisa conduzida pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP), o tabaco está entre aquelas que utilizam menos ingredientes ativos por hectare, em torno de 1,1 kg de IA/HA.

SAIBA MAIS – Criado no ano 2000, o Programa de Recebimento de Embalagens Vazias de Agrotóxicos antecedeu a legislação de 2002, o decreto federal 4.074/2002, que prevê a devolução das embalagens às suas respectivas origens. Com 17 anos, o programa é sucesso entre os produtores de tabaco: 550 municípios do Rio Grande do Sul e Santa Catarina são atendidos pela coleta itinerante que percorre 2,6 mil pontos de recebimento na zona rural. O programa beneficia um universo de 130 mil produtores de tabaco gaúchos e catarinenses, com comodidade e segurança na devolução dos recipientes tríplice lavados em pontos de coleta localizados próximos de suas propriedades.  Ao todo, oito regiões produtoras de tabaco fazem parte do roteiro.

Foto: Divulgação

Guilherme Siebeneichler