“Para alguns o padre que reza, está bom. Só que eu acho que isso é pouco”, afirma padre Ezequiel

Janine Niedermeyer
janeiro20/ 2017

Venâncio Aires recebeu nesta sexta-feira, 20, de feriado alusivo ao padroeiro São Sebastião Mártir o show com o padre Ezequiel Dal Pozzo. Aos 37 anos, o religioso vem pela segunda vez ao município, mas a primeira para o show musical durante a 141ª festa alusiva ao padroeiro do município. Em entrevista coletiva para imprensa, ele falou sobre sua história de vida na igreja, o lado de cantor e compositor e a forma de evangelizar.

Natural de Quaraí, cidade com 7 mil habitantes, Ezequiel Dal Pozzo foi ordenado padre em fevereiro de 2007 e trabalha hoje em Caxias do Sul, onde reza missas duas vezes por semana, com público entre 1 mil e 1,2 mil pessoas por noite. Segundo ele, Quaraí é uma cidade vocacional, pois de lá já saíram 42 padres e existem acima de 130 irmãs religiosas.

Apesar dos 10 anos já como padre, foi há cerca de 3 anos atrás que foi liberado para trabalhar a música junto a religião, tendo nesse período já gravado 5 CD’s e um DVD, sendo que o sexto CD está por sair em 2017.

“Meu trabalho hoje na igreja se resume a comunicar a palavra, através da televisão onde temos um programa semanal na TV Evangelizar, ligada ao padre Reginaldo Manzotti, também participações em 140 rádios e o trabalho de escrita para 70 jornais. Ano passado saiu meu primeiro livro, ‘Beber na fonte do amor’, que fala sobre o amor de Deus, mas de uma forma clara e na linguagem que atinge as pessoas”, ressalta o padre Ezequiel.

Pensar e se responsabilizar

Na conversa com os repórteres, o religiosa também falou sobre sua forma de atuar, onde afirma que sua linha visa mais a formação, na catequese e reflexão, “mais do que ensinar a rezar, porque o povo gosta muito de novenas, disso, daquilo, que é importante, mas a comunicação na igreja também precisa ajudar as pessoas a pensar”.

Para Ezequiel Dal Pozzo, o padre necessita se propor a fazer além do rezar pela sua comunidade. “A proposta de Jesus é uma proposta que ensina um jeito novo de relacionar-se com as pessoas e um jeito novo de viver e isso passa pelo conhecimento, não só pela fé”.

Ele complementa afirmando que é preciso abandonar aquele cristianismo primitivo, de apenas rezar quando a pessoa vem pedir . “O cristianismo de adultos é um cristianismo que sabe que a vida é responsabilidade nossa e aquilo que nós fazemos vai ter consequências boas ou ruins. Deus está no sustento de tudo isso, mas o meu jeito de pregar é mostrar que Deus está sempre sustentando o mundo, mas a responsabilidade que nós temos pela vida é nossa, a construção e relacionamentos dependem de nós, do jeito como eu vivo, da capacidade de dialogar, os medos que trabalho em mim e não repercuti no outro”.

Janine Niedermeyer