Oficinas levam a arte a serviço da Alphorria

Guilherme Siebeneichler
novembro02/ 2017

As mais diversas manifestações artísticas da cultura afro estão em destaque neste mês de outubro na ONG Alphorria, de Venâncio Aires, por meio de oficinas do projeto “A Arte a Serviço da Alphorria”, contemplado no Prêmio Empreendedor Cultural – 3ª Edição com o patrocínio da RGE Sul. As aulas de beleza negra, culinária afro, capoeira, percussão e dança afro são ministradas gratuitamente por integrantes da entidade desde o dia 05. Cada oficina possui carga horária específica com objetivo de levar um pouco mais das tradições afro aos participantes.

Os alunos de diversas idades recebem informações referenciais da cultura além de poderem aprender um pouco mais na prática, preparando pratos típicos, tocando instrumentos, fazendo penteados ou mexendo o corpo com os movimentos da dança e capoeira. Uma das participantes é a professora Cinara Fátima da Silva, 44 anos, que está encantada com a cultura. “Estou embriagada com esta cultura. O projeto presta um serviço a comunidade de um conhecimento que fica restrito aos livros. Já tinha ouvido falar da ONG, mas a experiência é maravilhosa”, avalia Cinara que está frequentando as oficinas de capoeira.

O pequeno Murilo Hinterholz, oito anos, foi motivado por um amigo que integra a ONG e assistiu também a aula de capoeira. O pai Marcelo Davi Hinterholz explica que não conhecia a organização e fez a inscrição no site. “É sempre importante conhecer outras culturas”, avalia.

SATISFAÇÃO

A satisfação é também de quem ensina. Abel Bibiano ministra as aulas de percussão e sente-se realizado em passar o conhecimento à diante. Apaixonado por música desde os sete anos, ele traz na memória o desejo de infância em aprender e, assim, coloca-se no lugar daqueles que vêm até ele buscar o aprendizado. “Eu não tinha quem me ensinasse, aprendi sozinho. Então mexe comigo poder proporcionar isso a essas pessoas. É um dom e temos que repassar”, orgulha-se Bibiano que atualmente toca 12 tipos de instrumentos e faz parte da Orquestra Jovem de Lajeado.

Para a diretora de formação da ONG, Ana Lúcia Landim, o mês de outubro está sendo especial. Além de ver o projeto em andamento, a entidade tem recebido muitos convites para apresentações dentro e fora do município, uma projeção alcançada por meio do projeto. “Está superando todas as expectativas”, afirma. A organização ainda recebeu doação de mais de 200 quilos de alimentos de uma empresa metalúrgica de Venâncio Aires, após intervenção artística na fábrica, que serão utilizados em ações para reverter em fundos à instituição.

PROJETO

As oficinas de culinária e beleza negra encerram neste sábado, 04. As demais ocorrem ao longo do mês de novembro. Ainda dentro do projeto haverá a 1ª Mostra Cultural da ONG Alphorria no dia 19 de novembro. A programação ocorrerá na Travessa São Sebastião Mártir, a partir das 14h, e marcará o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro.

VOCÊ PRECISA SABER

A revista Exame elencou, em 2014, oito dados que mostram o abismo social entre negros e brancos, entre eles está o fato de os negros serem a maioria no Bolsa Família, ou seja, mais vulnerável à pobreza. Sete em cada 10 casas que recebem o benefício do Bolsa Família são chefiadas por negros, segundo dados do estudo Retrato das desigualdades de gênero e raça, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O perfil dos domicílios das favelas brasileiras também aponta para o abismo social que ainda persiste entre brancos e negros no Brasil. Dois terços das casas presentes nestas regiões são chefiadas por homens ou mulheres negros.

Fonte: https://exame.abril.com.br/brasil/8-dados-que-mostram-o-abismo-social-entre-negros-e-brancos/

Guilherme Siebeneichler