Luta Sindical: União pela permanência de fumageira em Venâncio Aires

A mobilização do sindicalismo ao longo dos anos de atuação tem mudado a história de Venâncio Aires. No setor fumageiro, principal economia do município, a participação no movimento, junto ao poder público, demais entidades e à comunidade, garantiu no ano de 1994 a permanência da indústria beneficiadora de tabaco Universal Leaf Tabaco, que havia comprado na época a antiga Fumossul.

Foi no dia 23 de agosto de 1993 que a direção comunicou o fechamento da unidade em Venâncio, com a transferência do parque industrial para Santa Cruz do Sul. Na época, a multinacional exportava US$ 100 milhões por ano com o processamento de 48 mil toneladas de tabaco. Representava 40% do ICMS de Venâncio, gerava 2,7 mil empregos sendo 540 efetivos. A multinacional alegava dificuldades frente a recessão do mercado vivenciado pelo setor naquele período. “Certamente não haveria postos de trabalho suficientes para absorver tanta gente pelo número de efetivos que tinha”, recorda Ricardo Sehn, atual administrador do Sindicato do Fumo.

A partir daí, uma força-tarefa foi montada pelo então prefeito Almedo Dettenborn com o auxílio de uma comissão, na qual fazia parte o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo, Alimentação e Afins da época, Ely Simas.

MOBILIZAÇÃO
Naquele período, o município viveu uma de suas maiores mobilizações com caminhadas, abraço solidário em torno do prédio da empresa, ida de comitivas ao Governo do Estado e vigílias dentro e fora do prédio da Fumossul. Os principais capítulos desta história foram vividos no mês de agosto de 1993. No dia 23, o comércio fechou as portas para participar da caminhada de protesto com a presença de 15 mil pessoas. “Dentro da empresa esperávamos o desenrolar positivo, todos torciam para que o sindicato tivesse força e mantivesse a empresa por mais tempo com a garantia de um grande número de empregos,” lembra o atual presidente do sindicato do fumo, Rogério Siqueira, também funcionário da empresa na época.

O governador Alceu Collares recebeu a comissão no Palácio Piratini, no dia 26, acompanhada de manifestantes que do lado de fora erguiam bandeira pretas em forma de luto. Os venâncio-airenses solicitavam a intervenção do governo para impedir a transferência da empresa.

No dia 27 Collares viria à cidade confirmar a isenção de impostos à empresa, onde o governo abria mão do ICMS gerado pela indústria. Mas somente em 17 de setembro de 1993 a direção da Universal Leaf Tabacos anunciou que a unidade permaneceria em Venâncio.

SINDICATO
Ainda em 1993, o fantasma voltou a rondar o município com demissão de 60 funcionários efetivos e 20% dos safristas, onde o sindicato agiu intensamente, apoiado por demais sindicatos de outras categoria, questionando a empresa e solicitando esclarecimentos. A entidade recorreu à União Internacional dos Trabalhadores da Alimentação (UITA) que com o seu secretário geral, Enildo Iglesias, deu força à atuação do sindicato. Para Siqueira, o envolvimento do sindicato foi fundamental. “O sindicato participa ativamente na vida do trabalhador e dos munícipes, contribuindo para o desenvolvimento das comunidades.”

Em acordo coletivo publicado em 30 de maio de 1994, a Universal Leaf Tabacos ratificou o compromisso de permanecer em venâncio, gerar 260 empregos, construir nova creche e comprar/receber 36 mil toneladas para beneficiamento.

Guilherme Siebeneichler