Indústria e Mata Atlântica: duas datas, uma só comemoração 

Olá Jornal
maio25/ 2022

AMata Atlântica e a indústria ligada ao agronegócio, em geral, correm em linhas opostas no imaginário das pessoas. E, de fato, a expansão de áreas produtivas causaram efeitos neste bioma tão relevante. Mas o setor do tabaco tem muito a comemorar nesta semana: com uma indústria pujante e um sistema que integra produtores às práticas ESG, preserva a Mata Atlântica e obtém resultados econômicos expressivos. 

“A indústria faz parte da engrenagem que move a economia do país e, no setor do tabaco, os números são bem significativos. A produção de tabaco demanda o uso de lenha para a cura do tabaco nas estufas. Mas desde 1978, muito antes de ouvirmos falar em ESG, o setor age proativamente, incentivando os produtores integrados a adotar o reflorestamento e preservar a mata nativa das propriedades”, avalia o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Iro Schünke. 

Atualmente, o setor é autossuficiente no cultivo de florestas energéticas para as estufas, principalmente com o uso do eucalipto. Segundo o último levantamento realizado pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), 25% da área das propriedades produtoras de tabaco é coberta por mata, sendo 15% com mata nativa e 10% com reflorestamento. 

“Tratamos o assunto da conservação da Mata Atlântica de forma inovadora, por meio de um acordo inédito junto ao Ibama, em 2011, que previa o monitoramento por satélite de áreas produtoras de tabaco e a inclusão de cláusulas contratuais que garantissem somente o uso de lenha de origem legal e sustentável pelos produtores integrados”, relembra Schünke. 

Em 2019, uma nova ação do setor foi criada para fortalecer a produção energética com espécies de rápido crescimento por meio da difusão de conhecimentos técnico-científicos. O projeto Ações pela Sustentabilidade Florestal na Cultura do Tabaco, mantido pelo SindiTabaco em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), testa e compartilha novas tecnologias, materiais genéticos e espécies de maior produtividade e desempenho energético por meio de 21 unidades demonstrativas em propriedades de 17 municípios gaúchos. 

Segundo o coordenador do projeto, Prof. Dr. Jorge Antônio de Farias, este é mais um passo dado na consolidação da sustentabilidade energética na cultura do tabaco. “A ideia é que os produtores possam transferir para sua propriedade o conhecimento adquirido nas unidades demonstrativas e colher os benefícios de uma produção sustentável. Além de obter segurança energética e financeira, os produtores também preservam os remanescentes de florestas naturais”, acrescenta. 

“Assim como na indústria, em que os processos são testados e adaptados visando os melhores resultados, o produtor também precisa buscar o conhecimento que poderá auxiliá-lo a preservar sua propriedade e garantir o melhor rendimento”, frisa Schünke. As práticas testadas nas unidades demonstrativas foram compiladas em vídeos que estão disponíveis no canal do SindiTabaco no Youtube. 

NÚMEROS DA INDÚSTRIA DO TABACO

No Brasil, o tabaco tem gerado mais de R$ 14 bilhões em impostos a cada ano e, em muitos municípios produtores – são ao todo 508 –, chega a representar mais da metade da arrecadação. Além disso, 85% da produção brasileira é destinada às exportações. Em 2021, saíram dos portos brasileiros 464.429 toneladas, gerando US$ 1,464 bilhão em divisas. Mesmo com problemas logísticos gerados a partir da pandemia (com escassez de navios e contêineres), o produto brasileiro foi enviado para 105 países, sendo que o principal destino foi a União Europeia, com 40% do total exportado. Para 2022, a perspectiva, conforme apontam as pesquisas realizadas pela consultoria Deloitte, é exportar o mesmo volume de 2021 e com valores em dólares um pouco superiores.  

CRÉDITO: AI SindiTabaco

Olá Jornal