Festival de cinema de Gramado é maior do que a crise

Guilherme Siebeneichler
agosto23/ 2017

Com orçamento 15% maior que o ano passado, o Festival de Cinema de Gramado chega aos 45 anos de forma sólida e relevante para o cenário gaúcho e nacional. O evento que ocorre desde o dia 17 e vai até o sábado, 27, já reuniu nomes consagrados do cinema entre atores, diretores e demais profissionais da área que seguem pela serra gaúcha até o fim da programação. Em tempos difíceis com cortes significativos em todos os setores, o Festival vai na contramão desse movimento e mantém-se em crescimento.

O Olá Jornal esteve em Gramado em cobertura ao evento, no sábado, 19. A reportagem acompanhou de perto o glamour do tapete vermelho e a riqueza cultural das mostras, debates e coletivas de imprensa. Além disso, participou da exibição exclusiva do filme ‘Como Nossos Pais’, de Laís Bodansky, com os atores Maria Ribeiro, Paulinho Vilhena e Clarisse Abujamra. O longa é um dos favoritos ao Kikito e estreia em 31 de agosto nos cinemas.

TRADIÇÃO
O presidente da Gramadotur (realizadora do evento), Edson Néspolo, atribui, o que classifica como boa fase, ao bom momento de Gramado e do próprio evento. “Mesmo na crise o festival possui um nome e tradição muito fortes. Também interessa à cultura onde o Conselho do estado aprovou LIC devido ao cunho cultural”, avalia. Néspolo cita o projeto Educavídeo, com envolvimento de crianças que aprendem a fazer cinema na escola, e os momentos de debates que o evento propõe como exemplos de enfoque cultural. Para ele, não há comparação do papel do festival com outros eventos, é único e ininterrupto e por tudo isso se solidifica.

SIMBOLISMO
O secretário de cultura e turismo do RS, Vitor Hugo Pereira, considera o Festival como símbolo pela sua história e constância. Ele destaca que nos tempos atuais, só o fato de manter um evento já é uma vitória. “É um sinal para outras comunidades que devem começar novas histórias e mantê-las. Para nós do governo do estado é muito positivo”. O secretário lembra que o Estado liberou R$ 400 mil por meio da Lei de Incentivo à Cultura (LIC) e o Banrisul R$ 200 mil pela Lei Rouanet, o que auxilia na organização do evento. A secretaria ainda anunciará no evento os vencedores do prêmio de cinema lançado no ano passado junto com a Agência Nacional de Cinema (Ancine) no valor de R$ 2,5 milhões para produção de novos filmes brasileiros no RS.

Para o ator Marco Ricca, o Festival é importante para o cinema nacional e considera a crise como um desafio para a organização. “Há muita gente engajada que dá a vida pra fazer esse festival funcionar. Nunca é fácil, mas agora deve ter sido mais difícil, no entanto faz parte da tradição da cidade e é bom para o cinema nacional”.

FOTO: Janine Niedermeyer

Guilherme Siebeneichler