Banco comunitário de sementes resgata a identidade genética do milho no campo

Janine Niedermeyer
julho27/ 2016

Um projeto de várias mãos que no mês de agosto vai completar seu primeiro ano em desenvolvimento. Criado em 2015, o Banco Comunitário de Sementes Tradicionais e Crioulas foi instalado junto à Escola Estadual de Ensino Médio Wolfram Metzler, no bairro Bela Vista, que se propôs a ser sede.

Professor do educandário e engenheiro agrônomo, Clóvis Schwertner foi um dos organizadores do evento promovido no ano passado, que com apoio da Secretaria Municipal da Agricultura e Emater/Ascar-RS agora avança, com o propósito de manter viva a identidade genética das sementes.

Segundo o profissional, o milho é o produto base deste banco, instalado em uma sala desativada do prédio da apicultura na Wolfram. “Em meados de setembro e outubro começamos a armazenar as sementes, que é um patrimônio genético nacional”, salienta.

Ciclo

O espaço é feito por várias mãos, uma vez que produtores de diferentes localidades têm colaborado, seja na doação de sementes ou retirada das mesmas, para plantio. Agricultores de Linha Andréas, Campo Grande, Vila Palanque, Linha Travessa, Estância Mariante, Santa Emília e Madalena são alguns pontos que integram essa ciclo voluntário.

Tendo o milho como base, pelo menos seis tipos estão conservados, que são o branco graúdo, amarelo graúdo, branco médio, cunha, roxo e milho pururuca. Conforme Clóvis, hoje a falta de sementes é o maior problema, por isso a importância desse serviço.

“A nível de mercado não existe mais semente para expandir e para comercializar essa semente crioula é preciso de um registro. O que foi importante é que o governo abriu para instituições e grupos que trabalham com essas sementes é de que haja a troca legal no mercado”, explica.

Uma das principais metas futuras é a implantação de um moinho colonial, prática que existia há anos anteriores. “É uma ideia futura, mas o produtor poderá levar até esse espaço, tendo tudo devidamente registrado, pra fazer farinha em prol do consumo das famílias”.

O cadastro de Venâncio Aires perante a Rede Sementes Livres no Brasil, entidade sem fins lucrativos, que é credenciada no Ministério da Agricultura, também facilita esse processo.

Semeando nas escolas 

Apesar de já haver a troca e retirada de sementes entre os produtores rurais, um projeto escolar da própria Wolfram Metzler quer ampliar horizontes. O agrônomo Clóvis Schwertner afirma que a partir da segunda quinzena de agosto, alunos e ele próprio irão até educandários do interior, para repassar sementes a jovens na sala de aula, para que disseminem o plantio nas propriedades.

Conforme o docente, cada estudante que receber vai ser devidamente cadastrado e depois o processo poderá ser orientado e fiscalizado pela Emater, que possui equipes técnicas para o trabalho. “A intenção é repassar um ou no máximo dois quilos, por pessoa. Assim queremos ter a próxima safra com pelo menos, 1,5 mil à 2 mil quilos plantados com sementes crioulas”.

Foto – Maicon Nieland

Janine Niedermeyer