Anvisa monitora notificações sobre cigarro eletrônico

Olá Jornal
setembro27/ 2019

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está de olho no comportamento do uso dos cigarros eletrônicos no Brasil. Mesmo proibidos, os produtos são consumidos de forma ilegal e a agência busca saber quais têm sido os efeitos nos consumidores. Para isso, enviou pedido a hospitais e profissionais de saúde para que relatem casos de possíveis problemas que possam estar associados ao uso de cigarros eletrônicos, vaporizadores e cigarros de tabaco aquecido, dentre outros dispositivos eletrônicos para fumar.

A solicitação foi enviada a 252 instituições que compõem a chamada Rede Sentinela e que notificam com frequência problemas e eventos adversos relacionados à saúde, e ao Conselho Federal de Medicina (CFM), para que os médicos estejam atentos e relatem quaisquer suspeitas. Na nota emitida aos órgão de saúde, a agência afirma que a prevalência de uso estimada no Brasil é de 0,43%, ou seja, cerca de 650 mil pessoas. Apesar de considerar o indicativo como de baixa prevalência, considera que há a utilização do produto no país.

A Anvisa está em meio ao processo de discussão sobre a liberação desses produtos no país e o mapeamento deve contribuir nesse debate que ainda está em estágio inicial. Até o momento, duas audiências públicas foram realizadas com setores envolvidos.

PREVENÇÃO
De acordo com a Anvisa, a ação tem como objetivo reunir informações para antecipar e prevenir uma crise de saúde como a que tem sido noticiada nos Estados Unidos (EUA), onde há casos de uma doença respiratória grave, levando a óbitos, associada ao uso de alguns dispositivos. Já são 530 casos em 38 estados e sete mortes. No entanto, o dispositivo que tem dado problema é o chamado vaporizador que não leva tabaco mas produtos líquidos podendo ser nicotina, saborizantes ou até mesmo o tetra-hidrocanabinol (THC, um componente psicoativo da planta de maconha).

Ainda não se sabe a origem das complicações respiratórias uma vez que há inúmeros tipos diferentes de vaporizadores onde nicotina, THC ou aromatizantes são misturados a um tipo de solvente ou óleo, que servem como difusor, e ao serem aquecidos transformam-se em vapor inalado pelo usuário. Além disso, a maioria dos vaporizadores possui sistema aberto, ou seja, qualquer líquido com outros componentes químicos pode ser introduzido no dispositivo, o que dificulta encontrar a causa.

Conforme o FDA (sigla em inglês para Food and Drug Administration), órgão regulador dos EUA, em muitos casos os pacientes relataram o uso recente de vaporizadores contendo o THC. Na maioria deles foram encontradas concentrações de acetato de vitamina E, composto usado em cosméticos e suplementos vitamínicos, e que também está na lista de itens suspeitos.

REGULAMENTAÇÃO
As indústrias de tabaco com sede no Brasil não estão envolvidas nos casos relatados nos EUA e reforçam a importância da regulamentação dos produtos no país para evitar futuras complicações. Em nota, a Souza Cruz afirma que “somente com uma regulação responsável e transparente será possível evitar cenários semelhantes ao ocorrido nos EUA, no qual não há uma regulamentação clara”.

A empresa ainda alerta para exposição dos consumidores brasileiros aos riscos do mercado ilegal onde é possível comprar tais produtos sem controle fitossanitário em sites de e-commerce e centros comerciais populares. “Reforçamos o alerta da Anvisa para que a sociedade reporte a venda ilegal desses produtos por meio do canal de ouvidoria da agência”, finaliza a nota.

Para o diretor da Japan Tobacco International (JTI), Flávio Goulart, foi a falta da regulamentação que causou o caos nos EUA aliado ao mau uso do sistema eletrônico. Ele cita o exemplo da Europa onde também há consumo porém não há relatos do problema, fato que atribui à regulamentação e fiscalização adotados no continente europeu. “É importante a posição da Anvisa porque como há proibição, mas não está sendo respeitada, e não há regulamentação de uso, a importação hoje que acontece de produtos contrabandeados ilegais, seja de bons produtos ou piratas, não tem qualquer tipo de controle de nenhum órgão. São dispositivos de tanque aberto e aí sim pode haver algum tipo de contaminação. Por isso que lutamos por uma regulamentação ajustada e adequada”, avalia Goulart.

A Philip Morris Brasil não quis se manifestar sobre o assunto.

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