Além do milho e feijão, pastagem será alvo de diversificação da lavoura de tabaco

Guilherme Siebeneichler
novembro24/ 2016

Foi renovado nesta quinta-feira, 24 de novembro, o convênio do Programa Milho, Feijão e Pastagens após a colheita do tabaco no Rio Grande do Sul. O programa incentiva a diversificação e a otimização no aproveitamento dos recursos das propriedades rurais nos três Estados do Sul. Para isso, são divulgadas as vantagens do plantio da safrinha e incentivo à prática de diversificação da propriedade.

Conduzida pelo Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), a ação reúne a estrutura de campo das empresas associadas e das entidades apoiadoras. São parceiros o governo do Estado do Rio Grande do Sul, por meio das Secretarias da Agricultura, Pecuária e Irrigação e Desenvolvimento Rural e Cooperativismo, além da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), da Federação de Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), da Federação dos Trabalhadores da Agricultura (Fetag/RS), da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) e do Sindicato da Indústria de Produtos Suínos (Sips).

“O programa tem trazido receita relevante para os produtores de tabaco. Somente no Rio Grande do Sul, o programa rendeu R$ 320 milhões aos produtores que plantaram milho e feijão. A expectativa para esse ano é positiva, considerando que teremos um incremento de renda com a adesão também da pastagem ao programa. Além da renda extra do produtor, há ainda o aspecto da preservação do solo e um melhor aproveitamento dos recursos da propriedade”, afirma Iro Schünke, presidente do SindiTabaco.

“Há pelo menos 20 anos assinamos aqui o primeiro convênio para execução desse programa. Nosso objetivo é o produtor, gerar renda para que ele possa permanecer no campo. Todos os benefícios do programa precisam ser harmoniozamente trabalhados por nossas assistências técnicas. O Rio Grande do Sul tem no tabaco uma grande fonte de receita”, comentou o secretário adjunto do Desenvolvimento Rural e Cooperativismo, Iberê de Mesquita Orsi.

Ernani Polo, secretário de Agricultura do Estado do RS, afirmou que o programa está em linha com a proposta da secretaria, com o Plano Agro+, que tem como objetivo dar mais dinamismo ao meio rural, acelerando processos, oferecendo alternativas e uma estrutura ágil e racional. “Estamos aqui sempre dispostos e abertos para apoiar esse setor. Nosso papel é apoiar o produtor, que produz um produto legal e que acaba sendo criminalizado em alguns momentos. Mas nós entendemos a importancia economica e social que essa atvidade tem e a qualidade de vida do produtor, que vive com dignidade no campo”, reiterou.

“A produção de milho se faz muito necessária nas propriedades. Além da produção de grãos é feita muita silagem. O esforço nesse momento é continuar a sensibilização dos produtores para continuarem diversificando, fazendo a rotação de culturas”, disse Benício Werner, presidente da Afubra. Mauro Flores, representante da Farsul, comentou que “a maioria dos sindicatos tem o sistema troca-troca e já estamos incentivando a diversificação”. Segundo Carlos Joel da Silva, presidente da FETAG, o setor está organizado, entre indústrias e produtores, e é quem realmente está fazendo a diversificação. “Precisamos ter em mente que não estamos apenas produzindo grãos. Milho significa ovos, leite, carne”, lembrou.

O diretor presidente da Fepagro colocou que a entidade vem desenvolvendo há muito tempo alternativas para o produtor, como é o caso de desenvolvimento de variedades de feijão que podem ser produzidas com menos custo e mesmo rendimento. “Esperamos poder compartilhar experiencias com essa parceria e fortalecer a diversificação”, disse Adoralvo Antônio Schio.

O plantio após a colheita do tabaco reduz os custos de produção dos grãos e pastagens, pois ocorre o aproveitamento residual dos fertilizantes aplicados. Consequentemente, pode haver redução de custo na produção de proteína (carne, leite e ovos). Outros benefícios são a proteção do solo contra a erosão e a interrupção do ciclo de proliferação de pragas e ervas daninhas.  Próximo ao início da colheita deverá ser realizado um dia de campo nos três Estados.

RESULTADOS DA ÚLTIMA SAFRINHA

A última safrinha gaúcha teve o plantio de 73 mil hectares de milho (424 mil toneladas) e 7 mil hectares de feijão (15 mil toneladas). Os rendimentos para os produtores alcançaram a marca de R$ 282 milhões para o milho e R$ 38 milhões para o feijão. Considerando as regiões produtoras de tabaco no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, foram cultivados 127 mil hectares de milho e 25 mil hectares de feijão, com rendimento de R$ 520 milhões para o milho e R$ 130 milhões para o feijão. Após a colheita, o produtor de tabaco cultiva também outros grãos, com destaque para a soja e há, ainda, o cultivo significativo de pastagens para alimentação dos animais, cultivo que passará a ser incentivado pelo convênio na próxima safra. O levantamento apontou que no Rio Grande do Sul, 41 mil hectares são utilizados para pastagens e, nos três estados sul-brasileiros, a soma alcança 68 mil hectares.

CRÉDITO: Divulgação/ AI Sinditabaco

Guilherme Siebeneichler